A Sabesp vai gerar biogás a partir do lodo de suas principais estações de tratamento de esgoto da região metropolitana de São Paulo. A meta é ainda purificá-lo para produção de biometano, o gás natural renovável. Até o fim de abril deste ano, segundo disse a diretora executiva de engenharia e inovação da Sabesp, Paula Violante, começarão a ser abertas as propostas de licitações para instalação das unidades em três de suas estações envolvidas no processo: ETE Parque Novo Mundo, ETE Barueri e ETE São Miguel Paulista. Ao todo, devem ser gerados 150 mil Nm3 por dia de biometano em todas as ETEs, sendo 100 mil Nm3 apenas da ETE Barueri, considerada a maior estação da América Latina e que terá sua capaciade ampliada de 16 mil litros por segundo para 22 mil L/s. Os projetos replicam experiência piloto que ocorre na ETE Franca, na cidade de mesmo nome no interior paulista, onde desde 2018 a Sabesp opera um sistema baseado em biodigestor anaeróbico do lodo gerado pelo tratamento aeróbico do esgoto. No local, após a purificação do biogás para remoção de dióxido de carbono (CO2) e gás sulfídrico (H2S) e outras impurezas, a companhia tem um biometano (CH4) com alto grau de pureza (97%), que é utilizado para abastecer 40 carros e caminhonetes da empresa.
Já o biometano das três estações da RMSP, segundo Violante, não terá provavelmente uma única aplicação e deve ser utilizado da forma mais viável em cada uma das ETEs. Mas as possibilidades são muitas, desde a comercialização para terceiros, injeção da rede da distribuidora de gás paulista, a Comgás, até na cogeração de energia, o que no caso contemplará geração de eletricidade e secagem térmica do lodo das estações. A secagem de lodo, segundo ela, será muito provavelmente empregada em todas as ETEs, já que os resíduos das estações, embora passem no futuro a ser em grande parte biodigeridos para gerar biogás no caso da companhia paulista, são o grande o problema ambiental do esgotamento sanitário. Volumes grandes são armazenados em todo o país e, quando enviados a aterros, sofrem grandes restrições, por gerarem chorume, o que exige desidratação anterior. Já pelo projeto para secagem térmica com o biometano que a Sabesp pretende gerar a oportunidade é transformar, com a tecnologia, o lodo das ETEs em biofertilizantes. “Queremos transformar as ETEs em plantas sustentáveis, o que nós chamamos de usina de recuperação de recursos hídricos”, disse Violante.
Fonte: EnergiaHoje