Reportagem do portal Poder 360 mostra que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa 1 ano e meio nesta segunda (01). Em 18 meses, a transição energética tem sido uma das principais pautas da gestão petista. No período, a capacidade de geração de energia cresceu, puxada pelas fontes renováveis, e linhas de transmissão também estão sendo ampliadas para escoar a demanda, sobretudo de usinas eólicas e solares no Nordeste. Por outro lado, o gás natural, uma das apostas globais para descarbonização na transição por ser menos poluente que o carvão e o diesel, ficou praticamente estagnado. Em 1 ano e meio, nenhum novo grande gasoduto de transporte foi construído ou pelo menos anunciado pelo governo. Sem essa infraestrutura para estimular o consumo, a reinjeção de gás nos poços tem crescido e batido recordes.
O problema no setor de gás vem de antes do atual governo. A malha nacional de gasodutos está praticamente estagnada desde 2013, com 9.400 quilômetros. É uma infraestrutura bem menor que a da Argentina, como já mostrou o Poder360. Desde 2013, só um duto de transporte de gás foi construído, com apenas 11 quilômetros de extensão, para ligar as cidades fluminenses de Itaboraí a Guapimirim. A infraestrutura teve a instalação aprovada em 2012 pela ANP, mas só em 2024 foi concluída pela NTS (Nova Transportadora do Sudeste). Vai ligar a malha existente da NTS próxima à costa até o Polo GasLub, aonde chegará o novo duto marítimo da Petrobras para escoar gás do pré-sal, conhecido como Rota 3, que deve ficar pronto no fim do ano. A falta de infraestrutura é uma das razões para o Brasil reinjetar mais da metade de sua produção de gás natural. Não há gasodutos de escoamento que suportem a produção crescente do pré-sal. Em março de 2024, o volume de gás devolvido aos poços bateu recorde histórico: 58%. Antes de Lula voltar ao Planalto em 2023, o maior patamar de reinjeção tinha sido de 51%, registrado em 2022, no governo Jair Bolsonaro (PL). Já na gestão petista, o nível médio de devolução de gás aos poços está em 53%. Em abril de 2024, último mês com dados divulgados, o percentual reinjetado foi de 54%.
O governo Lula tem planos para desenvolver o mercado de gás. Ainda no início de 2023, anunciou a intenção de lançar o programa Gás para Empregar, que teria medidas para estimular o setor. Foram criados grupos de trabalho para o desenho das novas regras, mas até agora os trabalhos não foram concluídos e não há expectativa de quando o pacote sairá do papel. Em abril deste ano, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, prometeu um “choque de oferta de gás” nos próximos anos com novos projetos que reduziriam a reinjeção. Na ocasião, ele listou 6 chances que o Brasil terá de ampliar a sua disponibilidade interna do energético, quase todas apenas para o longo prazo. São elas: novo gasoduto Rota 3 (Petrobras) – mais 18 milhões de m³/dia vindos do pré-sal. Deve ficar pronto até o fim deste ano; Projeto Raia (Equinor) – mais 14 milhões de m³/dia em gás do pré-sal a partir de 2028; Projeto Sergipe (Petrobras) – mais 18 milhões de m³/dia vindos de campos de águas profundas do Sergipe. Estimado para 2028; reservas onshore – exploração nacional de gás não-convencional (xisto), com jazidas estimadas 32 milhões de m³/dia; importação da Argentina – importação de 3 milhões de m³/dia de gás de xisto do campo de Vaca Muerta por meio do gasoduto Bolívia-Brasil ou por uma nova rota via Paraguai. Possibilidade ainda em negociação; biometano – potencial de produção no Brasil chega a 60 milhões de m³/dia.
Fonte: Poder 360
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