Segundo reportagem do Valor, a Gasmig pretende de investir R$ 5,8 bilhões até 2033, o maior aporte já feito pela empresa. O projeto contempla a construção de mais de 1 mil quilômetros de linhas de distribuição no Sul de Minas e Triângulo Mineiro. A estatal também pretende atender futuramente o Vale do Jequitinhonha e distribuir biometano, mais sustentável que o gás natural de origem fóssil. Alguns projetos dependem de aportes por transportadores de gás ou da instalação de usinas térmicas para garantir demanda firme. Os investimentos serão feitos com recursos próprios. A estatal não recebe repasses do governo de Minas Gerais, que conseguiu do STF aval para prorrogar até agosto a suspensão do pagamento da dívida de R$ 165 bilhões com a União, enquanto aguarda a regulamentação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), em discussão entre Congresso e Ministério da Fazenda.
A Gasmig tem usado recursos próprios e de terceiros para financiar seus projetos. A última captação foi em 2020, com a emissão de debêntures de R$ 850 milhões, com vencimento até 2031. A Fitch Ratings classifica o risco nacional de longo prazo da Gasmig em AA+(bra), com perspectiva estável. Segundo a agência, a nota reflete a geração operacional forte e a perspectiva de crescimento puxado pelos planos de investimento e pelo marco regulatório do setor. Na avaliação de Rivaldo Moreira Neto, especialista em energia e diretor da A&M Infra, mais relevante que a viabilidade financeira dos projetos de expansão da Gasmig é a sua capacidade de atrair uma demanda firme pelo gás natural, permitindo que os custos dos investimentos sejam diluídos na tarifa com o aumento de clientes. “Esse é o grande desafio, a modicidade tarifária, garantir que a tarifa não suba de forma desproporcional”, afirmou Moreira. Para a expansão da rede é fundamental ter demanda nova de indústrias, que são os maiores consumidores de gás. O especialista acrescentou que todos os projetos da distribuidora passam por escrutínio público e só são aprovados se tiverem viabilidade técnica e financeira.
Gilberto Valle, presidente da Gasmig, disse que até 2028 está garantido o investimento de R$ 380 milhões na construção de 130 quilômetros de rede de distribuição ligando Extrema a Pouso Alegre, no sul do Estado, para atender indústrias locais. Neste ano, a Gasmig deu início às obras do Gasoduto Centro-Oeste, com construção de 300 quilômetros de linhas do sistema em 8 municípios. O projeto é orçado em R$ 800 milhões, aportados até 2026. “Dos 110 quilômetros de tubos de aço carbono previstos, 25 km já foram enterrados e 50 quilômetros foram desfilados [fase anterior ao aterramento]. O cronograma está em dia”, disse Valle. Também estão previstos investimentos da ordem de R$ 600 milhões no adensamento da rede de distribuição no Estado, com instalação de mais 900 km de tubulação em municípios mais populosos. Para este ano, está prevista a construção de 107 km de redes para atender o mercado urbano. Outros 480 milhões serão usados na ampliação da rede de distribuição de gás natural veicular (GNV) em postos de combustíveis. A Gasmig possui uma rede de 1.675 quilômetros de gasodutos, que atendem 47 municípios mineiros. Atualmente, 94% do gás distribuído pela Gasmig via para a indústria, 2% para residências e o restante é para veículos. Em junho, a Gasmig atingiu 100 mil clientes ligados em sua rede.
Em relação ao projeto no sul do Estado, a Gasmig negocia com a Nova Transportadora do Sudeste (NTS) a construção do Gasbex, duto para ligar o Gasoduto Bragança Paulista (SP) à Extrema (MG). Essa interligação permitirá atender o sul de Minas até Pouso Alegre, com possibilidade de expansão para o Triângulo Mineiro. A Gasmig planeja construir 120 quilômetros de linhas de Extrema a Pouso Alegre, com investimento de R$ 500 milhões. “Temos três clientes que são grandes consumidores em Extrema e Pouso Alegre, e que hoje são atendidos por caminhões, que fazem a entrega de gás natural comprimido [GNC]”, disse Valle. Um deles é a Pandurata, dona da Bauducco, que consome 30 mil metros cúbicos de gás por dia. A NTS afirmou, em nota, que o Gasbex terá capacidade de entrega de 300 mil metros 3 de gás por dia à Gasmig e está em fase de “desenvolvimento de engenharia básica e licença prévia com o Ibama”. A NTS já realizou em junho discussões com a população e autoridades de Bragança Paulista, Vargem (SP) e Extrema sobre o projeto.
Outro projeto em vista é a construção de um gasoduto para atender Triângulo Mineiro, Goiás e Brasília a partir da cidade de São Carlos (SP). O projeto é desenvolvido com a Goiasgás e a Cebgas. As empresas abriram um edital de chamada pública em abril para viabilizar o fornecimento de até 3,5 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural pelo gasoduto da Transportadora de Gás do Brasil Central (TGBC), a partir de 2031. O projeto está em fase de licenciamento ambiental pelo Ibama. Uma alternativa em estudo para atender o Triângulo Mineiro seria a construção de um gasoduto de Jacutinga (MG) a Uberaba (MG), que seria ligado ao gasoduto Gaspaj da NTS. A expansão para o Vale do Jequitinhonha depende da construção de uma térmica na área da Sudene de 750 MW, prevista no plano da Eletrobras, que consumiria 3 milhões de metros 3 de gás por dia. Para se ter uma comparação, a Gasmig distribui por dia no Estado 2,6 milhões de metros 3. Grupos privados avaliam implantar usina térmica na região. Segundo Valle, a região receberia gás da Transportadora Associada de Gás (TAG), a partir de um duto ligando Bahia ou Espírito Santo a Minas. “O problema da térmica é que depende de leilão do governo para sair do papel. No caso de Minas, no primeiro momento, a expansão é mais viável na região metropolitana e região centro-oeste, que tem grandes indústrias”, disse Moreira. A Gasmig também planeja aumentar a oferta a partir do biometano e negocia a compra com dois possíveis produtores, em um processo de chamada pública. Valle vê ainda possibilidade futura a compra de gás natural líquido (GNL) proveniente de Vaca Muerta na Argentina por navios.
Fonte: Valor Econômico
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