O diretor Comercial da Edge, Guilherme Mattos, afirmou durante o IV Evento Cogen Sul, que o mercado livre já é uma realidade no Brasil. O executivo destacou que os estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo têm indústrias operando no ambiente de contratação e a tendência é que outras sigam o caminho. Segundo ele, o ano de 2024 foi surpreendente e a expectativa é observar uma “onda de migração” no próximo ano. A Edge, empresa do Grupo Cosan, conta com cerca de 500 mil m³ em operação no ambiente livre. “Assim como foi no mercado elétrico, lá no início dos anos 2000, onde o mercado livre virou uma realidade, a gente acredita que 2024 ficará como o marco dessa grande migração e entrada das indústrias comprando o gás num ambiente não mais regulado e, sim, podendo discutir seus contratos de forma bilateral com as comercializadoras”, acrescentou.
Mattos enumerou três pontos importantes que fazem o mercado livre atrativo para o setor industrial: a economia com aquisição da molécula de gás, a flexibilidade para fazer a contratação e a possibilidade de promover a descarbonização. Ele comentou que o ambiente livre proporciona uma busca pela molécula mais competitiva e as comercializadoras têm possibilidade de discutir contratos. O principal benefício do mercado livre, de acordo com ele, está na flexibilidade, formatando contratos capazes de atender as características de consumo de indústrias de segmentos distintos. “A agenda ESG nas principais indústrias, tanto nacionais quanto globais, é uma grande realidade. E o mercado livre de gás pode levar o biometano como um energético renovável para esse consumo”, completou. Ele destacou ainda que comercializadoras fazem gestão de penalidades e são capazes de entender as necessidades dos clientes. “O mercado livre pode ser um estimulador para que a indústria possa encontrar gás mais competitivo e conseguir trabalhar com mais produtividade.”
Já o diretor Comercial de Gás da Tradener, Roberto Schloesser, salientou que o mercado é livre até um certo ponto. “É livre entre o cliente e o fornecedor, as condições entre cliente e fornecedor de molécula vão ser colocadas de maneira customizada, mas o restante do mercado é muito regulado. Um comercializador, para chegar ao ponto de conseguir vender para um cliente, tem que ter autorização. Existe todo um arcabouço regulatório que monitora e dá segurança a essa atividade”, pontuou.
Para o diretor geral e industrial da Cerâmica Carmelo Fior, Eduardo Fior, a flexibilidade nos contratos é uma das necessidades da empresa. “Para nós, do setor cerâmico, 30% a 33% do nosso custo de produto é o gás natural. É extremamente relevante uma molécula competitiva para termos capacidade de atender os nossos clientes de forma competitiva. Exportamos 20% da nossa produção e concorremos fora do Brasil com produtores que têm gás mais competitivo que o nosso”, salientou. Fior explicou que a empresa é parcialmente livre. Em 2025, a expectativa é que as quatro unidades consumidoras de gás estejam totalmente no mercado livre em Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
O diretor técnico Comercial da SCGÁS, Tiago Cabral, acredita que é preciso viabilizar a chegada de mais gás para a região Sul. “Como o mercado livre traz essa flexibilidade, ele pode ser uma alavanca muito grande de dar previsibilidade para facilitar investimentos em projetos de geração e cogeração. Isso traz um ambiente mais estável do ponto de vista de investimento também”, ponderou. O presidente executivo da Cogen, Newton Duarte, reforçou a fala de Cabral e disse que é necessário ampliar a infraestrutura para que todas as indústrias brasileiras possam ter acesso a gás natural. “Todas, sem exceção. Todo CNPJ deveria ter acesso ao gás e ter condições de ter essa eficiência”, frisou.
Fonte: EnergiaHoje
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