A YPFB anunciou na semana passada, pela primeira vez em seis anos, o seu certificado de reservas provadas e confirmou, agora oficialmente, o declínio de seus volumes nos últimos anos. Ao todo, a companhia possuía 4,5 TCF (trilhões de pés cúbicos) em 31 de dezembro de 2023, segundo a empresa de certificação DeGolyer and MacNaughton. O número representa uma queda de 58% em relação aos 10,7 TCF certificados pela Sproule em 31 de dezembro de 2017. A atual gestão da YPFB, contudo, questiona os valores certificados na ocasião, durante o governo de Evo Morales – antigo padrinho político de Luís Arce, mas que hoje trava com o atual presidente uma disputa por espaço no cenário político local. Segundo a petroleira, as reservas em 2017 seriam de 7,1 TCF, caso tivessem sido descontados corretamente os volumes consumidos naquele ano. De todo modo, o cenário é de queda nos volumes. A YPFB ficou sem divulgar as reservas certificadas do país por seis anos e vinha sendo cobrada pela oposição a divulgar um relatório atualizado. Por lei, a petroleira deve divulgar seus dados atualizados anualmente.
As reservas recém-divulgadas pela YPFB mostram, contudo, uma recuperação entre 2022 e 2023 de 0,5 TCF. A estatal boliviana informou que a contratação da empresa responsável pela certificação das reservas de 2024 está em curso. Existe uma expectativa interna da companhia de que o aumento das reservas se torne uma tendência à medida que a petroleira avança com seu plano de investimentos em exploração. Em 2024, a companhia anunciou a descoberta de uma nova fronteira de gás no país, a partir da perfuração do poço Mayaya, na Bacia Subandina Norte, no Departamento de La Paz. “A política de exploração da YPFB está funcionando, claramente. Entre 2022 e 2023 as reservas aumentaram 0,5 TCF e vamos certificar as reservas (até) 2024, que ficarão aproximadamente entre 4,5 e 5 TCF, acompanhando esta tendência de recuperação” disse o presidente do YPFB, Armin. O governo Arce tem acenado para uma agenda de reformas – a nova Lei de Hidrocarbonetos é a promessa para atrair investimentos estrangeiros, no contexto da eleição presidencial de 2025, marcada para agosto. O Executivo apresentou em 2024 o projeto de lei para simplificar procedimentos burocráticos e acelerar os prazos de execução de projetos no setor e pede prioridade ao tema na Assembleia Legislativa Plurinacional.
Com o desenvolvimento das reservas de gás da Vaca Muerta e a expectativa de autossuficiência da Argentina, o mercado brasileiro se consolida como principal destino da produção boliviana. Em 2024, o volume importado da Bolívia pelo Gasbol totalizou, na média, cerca de 14,2 milhões de m3/dia – uma queda de 8,4% em relação aos 15,5 milhões de m3/dia de 2023. E menos da metade da capacidade do gasoduto binacional. Em meio às dificuldades da Bolívia de cumprir simultaneamente os compromissos com Brasil e Argentina, a Petrobras chegou a um acordo com a YPFB para redução das importações e flexibilização das penalidades. A estatal brasileira, contudo, vem retomando parte dos volumes perdidos nos últimos anos para a Argentina. Em paralelo, a YPFB mira oportunidades de exportação também para comercializadores privados no Brasil. Num cenário em que a Bolívia enfrenta dificuldades para ampliar suas reservas, há uma concorrência posta pelo gás da YPFB: comercializadores privados e consumidores industriais disputam uma brecha para trazer gás do país andino.
Fonte: Eixos
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