Em artigo publicado pelo portal Poder 360, o deputado federal pelo PSD/RJ, Hugo Leal, afirma que
Um dos grandes desafios para a descarbonização brasileira está nos transportes. Somente esse setor exige 33% de toda a energia consumida no País, à frente até mesmo da demanda industrial, com 31,8%. E de todos os combustíveis usados, o diesel lidera a lista, com 43,4%, seguida da gasolina (27,8%), etanol (17,3%) e biodiesel (5,2%). Os dados são do Balanço Energético Nacional de 2024 e foram divulgados em junho passado pela EPE em parceria com o MME. Logo, qualquer plano sério de redução da pegada de carbono passa pela adoção de medidas eficazes para combater o diesel, que emite aproximadamente 32,2% a mais de emissões na comparação com gás natural e 698% do que o biometano, segundo dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, organização científico-política criada em 1988.
Experiências bem-sucedidas em todo o mundo mostram que é possível obter resultados rápidos com medidas eficazes para substituir os ônibus a diesel. É o caso de Madri, a capital da Espanha. Em 2010, a empresa municipal de transportes, a EMT decidiu substituir veículos a diesel e comprou novos modelos de ônibus movidos a GNV (Gás Natural Veicular). Da frota de mais de 2.200 veículos, 83,77% são movidos a gás natural o restante (12,23% são de ônibus elétricos). Resultado: a cidade conseguiu ficar livre das sanções da Comunidade Europeia, fixadas para todos os países do bloco econômico com o objetivo de reduzir a contaminação do ar. O mesmo pode ser obtido nas principais capitais brasileiras, onde as redes das distribuidoras de gás canalizado locais podem facilmente alcançar as garagens das empresas de transporte urbano. Uma alternativa de abastecimento também vem da Espanha. Em Sanchinarro, na capital espanhola, há um prédio em que os ônibus entram e saem facilmente para abastecer com rapidez em várias estações que dispõe de bicos de alta vazão. Além de contribuir para as reduções de emissões, o uso de gás natural veicular tem destacado papel social. É um combustível que reduz a praticamente zero a emissão de material particulado, aquela fumaça preta tão nociva à saúde.
Um estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade, divulgado em 2019, calculou que, de acordo um cenário simulado de substituição de 50% da frota de 2018 até 2025, a manutenção do modelo poderia, ao final do ciclo, evitar a morte de 26 mil pessoas em São Paulo e no Rio de Janeiro. E que a substituição de metade da frota de ônibus de transporte urbano no Rio e em São Paulo poderia reduzir em até 5 mil internações hospitalares de pacientes, com economia ao SUS de R$ 8,8 milhões, em valores da época. Para estimular essa agenda de substituição de combustível, tecnologia não é problema. Montadoras de renome como a Scania, entre outras, produzem ou distribuem veículos pesados a gás em solo brasileiro e veem esse mercado com interesse.
É importante observar que o investimento em gás natural é um passo crucial para o aumento da produção de biometano, principalmente depois da aprovação da Lei ‘Combustível do Futuro’. Ambos são combustíveis totalmente intercambiáveis e fungíveis, ou seja, podem ser misturados em qualquer composição. No Rio de Janeiro, a migração de veículos pesados, do diesel para o gás natural, começa a acontecer. Uma iniciativa do Governo do Estado foi lançada no final de 2023 para estimular esse movimento: um projeto-piloto para permitir que caminhões e ônibus trafeguem entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, na Rodovia Presidente Dutra, emitindo menos gases de efeito estufa e gerando menos poluição sonora. Na ocasião, um decreto criou o Selo Corredor Sustentável, concedido aos postos de combustíveis que passem por adaptações como a adoção de bombas com mangueiras e bicos de alta vazão, para abastecer mais rapidamente veículos pesados com combustíveis de menor pegada de carbono. O objetivo é que, com o aumento gradual da oferta de biometano, esses postos também possam disponibilizar esse combustível renovável, assegurando uma redução ainda maior das emissões. Já são sete postos adaptados, permitindo o abastecimento em 15 minutos, um terço do tempo normal, o que garante maior autonomia para o transporte pesado de cargas como de passageiros.
Outra ação importante do Governo do Estado do Rio de Janeiro, lançada em dezembro de 2024, é o ´RJ Mobilidade Sustentável`, projeto-piloto de ônibus movido a gás natural e biometano. Os testes iniciais envolvem linhas intermunicipais entre o Rio de Janeiro e Barra Mansa e Duque de Caxias e o bairro da Barra da Tijuca. No Congresso Nacional, o Projeto de Lei PL 4861/2023, de março de 2024, em tramitação na Câmara dos Deputados, vai nessa direção, ao propor uma política de incentivos à utilização de combustíveis com índices baixos de gás carbônico. Por fim, cabe destacar que o gás natural é o combustível do tempo presente. Não é uma hipótese; é realidade, configurando-se como uma alternativa estratégica e eficaz para substituir o diesel, permitindo que o Brasil possa alcançar com mais celeridade suas metas ambientais, uma vez que é competitiva, tem rota tecnológica consolidada, dispõe de uma crescente oferta de gás e viabiliza a integração com um mercado de biometano em plena ascensão.
Fonte: Poder 360
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