A Cogen criou um Grupo Técnico de Gás Natural e Biometano para formular uma proposta – a ser levada ao MME e a outros organismos do Executivo e Legislativo – que contribua com políticas públicas que incentivem a cogeração a gás natural e biometano. “Em um cenário de temperaturas cada vez mais elevadas, de crescimento de demanda de climatização, inclusive para datacenters, e da própria demanda de potência, a cogeração a gás natural e biometano, ao ter seus atributos devidamente reconhecidos, poderá proporcionar mais projetos encorajados”, diz o presidente executivo da Cogen, Newton Duarte. A primeira reunião do GT aconteceu na tarde do último dia 20, em São Paulo, com a participação de associados e agentes do mercado. Durante o encontro, Bruno Armbrust, diretor e fundador da consultoria ARM, destacou que o cenário energético brasileiro oferece condições para que se elabore um pleito de formulação de políticas públicas que incentivem o uso de gás natural.
Para ele, um dos principais entraves à cogeração a gás natural nos últimos anos tem sido a falta de competitividade, determinada por um histórico de extrema concentração de mercado na oferta, com preços da molécula desalinhados às singularidades e dinâmicas do mercado, o que acabou levando à retração do consumo. Nos últimos anos, ainda segundo o consultor, o aumento de competição na oferta, com a chegada de novos players ofertantes, já tem causado impactos positivos e movimentação da própria Petrobras para promover condições mais competitivas. “Essa diversificação, com a concorrência dos terminais privados de GNL, está pressionando a Petrobras a mudar os preços”, afirmou. E mais: em um cenário ainda de baixa competitividade do gás, com um nível de concorrência abaixo do desejável, não se viabiliza um crescimento de demanda nova, o que cria um entrave para o planejamento de novos gasodutos, atrasando os investimentos. Além disso, em tempos de transição energética, ficou mais complexo planejar novos investimentos na expansão das infraestruturas de transporte de gás. “Nesse contexto, a cogeração a gás natural poderia ser uma alternativa para gerar demanda”, sugeriu o especialista.
Uma janela de oportunidade interessante, apontou Armbrust, é a consulta pública aberta pela ANP para promover uma revisão tarifária em algumas das principais transportadoras de gás. Segundo ele, em um cenário otimista, com estímulos em toda a cadeia, e com uma revisão integral da tarifa de transporte, eliminando 100% do efeito dos contratos legados, e ainda com uma TUSD reduzida, a tarifa sem tributos poderia se situar entre 7 e 8 US$/MMBTU. “Se todos os contratos legados não existissem, as tarifas poderiam cair 35%. É uma situação que poderia ajudar na melhoria da competitividade da cogeração”, enfatizou Armbrust, acrescentando outro ponto: o planejamento integrado da expansão da oferta e da demanda. “O país vai precisar de um planejador integrado e de um gestor integrado do sistema”, finalizou.
Fonte: EnergiaHoje
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