O prêmio de incentivo à demanda introduzido pela Petrobras em sua política de preços de gás natural em 2024 aumenta a competitividade da estatal frente à possível entrada de gás argentino spot no mercado brasileiro, na avaliação da Rystad Energy. A consultoria destaca que o desconto oferecido pela estatal se tornou uma ferramenta para competir melhor com o gás importado; e que os produtores argentinos enfrentarão “condições mais desafiadoras” no Brasil. “E até mesmo as cargas spot de GNL [gás natural liquefeito] terão dificuldade para competir com esse novo preço da Petrobras”, cita o relatório divulgado pela consultoria em fevereiro. O gás boliviano importado por comercializadores privados como a MGás, por sua vez, deve se manter competitivo, pontua a Rystad. A consultoria estima que o gás argentino chegará ao Brasil custando entre US$ 6,8 e US$ 7,9 o milhão de BTU – sem contar o custo do transporte no mercado brasileiro. É menos do que o preço médio da Petrobras. Mas a companhia decidiu responder, então, com uma política de desconto que, na prática, lhe protege justamente do gás de oportunidade – aquele volume oriundo de ofertas casuais ou sazonais, negociado a preços competitivos, como o argentino. A estatal tem oferecido, nesse sentido, um desconto maior para o gás que ultrapassa o limite do take-or-pay (compromissos de retirada mínima) – o volume mais sensível a arbitragens.
A Rystad Energy estima que o desconto oferecido pela Petrobras deve representar uma economia de US$ 132 milhões para as distribuidoras estaduais de gás canalizado em 2025, no custo de aquisição de molécula. Dentre as concessionárias que já aderiram ao prêmio de incentivo da Petrobras estão a CEG (RJ), CEG Rio (RJ), Cegás (CE) e Copergás (PE). Além de aumentar a competitividade da Petrobras no mercado, a expectativa é que os descontos ajudem a aumentar os volumes de vendas da estatal. A nova posição comercial da petroleira contempla um mix de precificação que varia conforme o volume retirado – e que, na média, deve puxar o fator Brent (percentual do preço do petróleo ao qual o gás é indexado) para mais próximo de 11%. A regra, válida para 2025, pode ser resumida da seguinte forma: para 60% da quantidade diária contratada (QDC), o cliente paga o preço base (que pode variar contrato a contrato); para 60% a 90% da QDC, a distribuidora paga 11% do Brent; e para 90% a 115% da QDC, cerca de 10% do Brent. A Petrobras também está oferecendo um desconto para 2026, mas menor. Nesse caso, o preço base será aplicado sobre 90% do volume contratado e tudo aquilo que superar esse patamar, até o limite de 115%, pagará um fator Brent de 10%.
Fonte: Eixos
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