Responsável por praticamente 40% do biometano produzido no país, a Gás Verde prevê quadruplicar a produção até 2028, para 640 mil m3 diários, com a conversão de dez térmicas a biogás, conta Marcel Jorand, presidente da empresa. A produção hoje se concentra em duas unidades, no Rio de Janeiro e em São Paulo, que produzem o gás a partir de resíduos urbanos de aterros sanitários. Com essa conversão, a empresa passará a operar 12 plantas de biometano, localizadas em Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Maranhão, além de Rio e São Paulo. “O biometano é alternativa das mais potentes para a transição enérgica, por ser um combustível 100% renovável, que reduz as emissões de carbono em 99%”, diz Jorand. Adicionalmente, acrescenta, o biometano pode substituir o gás natural e combustíveis fósseis tanto nos processos industriais quanto no abastecimento de frotas. O executivo identifica uma verdadeira “corrida por soluções eficientes de descarbonização” e a indústria de biometano apenas ensaia seus primeiros passos no país.
O mercado é grande; hoje, o Brasil produz em torno de 400 mil m3 por dia do combustível, segundo dados da Abiogás. Para Jorand, há capacidade para se produzir 120 milhões de m3 diários. “Seria suficiente para suprir em torno de 70% da demanda nacional de diesel”, afirma. A EPE projeta crescimento da produção de 11,1% a até 20,4% entre 2024 e 2033, chegando a 6,5 bilhões de metros cúbicos normais (Nm3), no cenário mais otimista. A Abiogás mapeou 135 plantas entre empresas associadas, com potencial para 8 milhões de m3 /dia, e mais 30 projetos à espera de autorização para iniciar a instalação, o que acrescentaria mais 1,39 milhões de m3 à produção diária.
Como parte de um pacote de investimentos de R$ 8,5 bilhões no país de 2023 a 2026, a Nestlé programa substituir o GLP por biometano em suas fábricas. O processo de conversão, comenta Donir Costa, diretor de Engenharia da Nestlé Brasil, foi iniciado pela planta de Araçatuba (SP), em parceria com a Ultragaz, que hoje usa principalmente bagaço de cana como insumo para geração de gás. Segunda maior no mundo em volume de produção de chocolates da multinacional, a unidade de Caçapava (SP) será a próxima a receber o biometano, fornecido pela Gás Verde, ainda neste ano. “Outras unidades já em vista no plano da Nestlé são as unidades de Araras, Ribeirão Preto e Marília (SP), e Feira de Santana (BA)”, diz Costa. A Louis Dreyfus Company Brasil deve concluir em 2026 sua fábrica de biogás, segundo Paulo Hladchuk, head global da plataforma de sucos da companhia. A unidade terá capacidade para processar 400 m3 por hora de efluentes cítricos gerados pela fábrica de Bebedouro (SP), produzindo diariamente em torno de 50 mil Nm3 de gás. A planta foi projetada para gerar energia verde que substituirá completamente o combustível fóssil usado hoje pela unidade.
Fonte: Valor Econômico / Suplemento Energias renováveis
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