Identificar oportunidades e desenvolver soluções que incentivaram a abertura do mercado de gás natural no Brasil foi o caminho trilhado pela Transportadora Associada de Gás (TAG) para se tornar uma das principais responsáveis pelo abastecimento de gás de várias indústrias e cidades em todo o país. Controlada por um consórcio formado pela multinacional francesa Engie e pelo fundo de pensão canadense CDPQ, a TAG, campeã no setor de transportes e logística do anuário Valor 1000, detém hoje uma das mais extensas redes de gasodutos de transporte de gás do país. São mais de 4.500 quilômetros, que atravessam quase 200 municípios de dez Estados brasileiros. Mais de 3.700 quilômetros estão na região costeira do Brasil (Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro), e cerca de 800 quilômetros no Amazonas. No total, são 74,67 milhões de metros cúbicos de gás natural transportados diariamente por meio de gasodutos.
Para alcançar esse patamar de sucesso, a companhia passou por uma transformação estratégica, em perfeita sintonia com o mercado brasileiro de gás, destaca Joaquim Saboia, diretor financeiro da TAG. “Para superar os desafios do cenário econômico, adotamos uma estratégia voltada à inovação comercial e flexibilidade contratual, lançando produtos de curto prazo que estimularam a liquidez do mercado”, conta ele. Com isso, relata Saboia, a empresa evoluiu de dois clientes em 2021 para 24 clientes atualmente e de menos de dez contratos para atingir hoje um portfólio de 400 contratos. “Investimos também na confiabilidade, segurança e expansão dos ativos, reforçando o papel da TAG como elo estratégico na cadeia de gás natural para a segurança de abastecimento para o país”, afirma. Além de maior eficiência operacional, assinala o executivo, a companhia tem apresentado, nos últimos anos, bons resultados, igualmente consistentes, no aspecto econômico. “O que nos garante maior previsibilidade e resiliência financeira diante de cenários adversos”, afirma ele. Em 2024, a receita total atingiu mais de R$ 9 bilhões. O lucro líquido chegou a R$ 3,99 bilhões e a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou 86,5%.
Segundo o executivo, esses indicadores mostram a confiança plena da TAG quanto à manutenção do atual ritmo de crescimento. A empresa tem grande expectativa de avanços relevantes na abertura do setor. “Importantes regulamentações estão em processo de consulta pública e a TAG vem contribuindo ativamente para que as atualizações produzam resultado positivo no mercado de gás enquanto se fortalece o ambiente regulatório”, comenta Saboia. Em conjunto com as demais transportadoras, coordenadas pela Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasoduto (ATGás), a TAG enviou à ANP o Plano Coordenado de Expansão, que mapeia demandas e orienta investimentos para o sistema integrado de transporte. “A iniciativa fortalece a integração entre os agentes do setor energético e consolida o transporte como um verdadeiro marketplace, conectando fontes de suprimentos, nacionais e importadas, às demandas industriais, termelétricas e de outros segmentos consumidores”, explica Saboia. Os planos de investimentos da empresa preveem aportes de recursos de até R$ 5,4 bilhões para o período 2025-2029, com objetivo de garantir a disponibilidade de seus ativos e o acesso a novos clientes. De 2019 a 2024, os investimentos somaram R$ 550 milhões, a maior parte destinada às áreas de manutenção, avanços tecnológicos e segurança operacional da malha. Também foi concluído o gasoduto de conexão ao terminal de GNL de Sergipe e ao complexo termelétrico da Eneva, no qual foram investidos aproximadamente R$ 380 milhões para aumentar a segurança no suprimento de gás natural e energia elétrica. Desde janeiro, a companhia passou a operar também a interconexão com a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), que recebeu investimentos de R$ 46 milhões. O objetivo é permitir a transferência direta de gás natural entre as malhas das duas empresas, conectando as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
Nesses dois últimos anos, a TAG buscou também fortalecer seus compromissos com a sustentabilidade, a partir de análise de riscos, oportunidades e impactos financeiros relacionados a temas socioambientais e de governança. Segundo Saboia, a companhia vem evoluindo no fortalecimento de suas práticas de gestão. “Para a TAG, o gás natural é um pilar de segurança por sua flexibilidade e complementaridade à geração de energia renovável, garantindo estabilidade e confiabilidade no suprimento energético”, diz ele. A estratégia ESG, que se refere às boas práticas ambientais, sociais e de governança, está incorporada em várias atividades da empresa, informa o executivo. A companhia desenvolve programas de preservação ambiental junto às comunidades, realiza estudos para a conexão entre produtores de biometano, com alto potencial de descarbonização no transporte de gás, e investiu R$ 34 milhões em projetos de responsabilidade social. Ao longo deste ano, 60% de suas contratações de colaboradores foram mulheres e 25% de pessoas negras, acentua o executivo. Mas há grandes desafios a superar nessa trajetória de crescimento, especialmente para empresas transportadoras que atuam em ambiente regulado, avalia Maurício Lima, sócio-diretor do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). “O principal ponto com relação aos desafios das transportadoras e operadoras logísticas em 2025 está muito relacionado ao custo de capital. Uma taxa de juros de 15% acaba elevando muito o custo de capital para essas empresas. Mesmo as grandes de capital aberto estão captando com taxas médias de 16,5%, 17%, 18% ao ano — as médias chegam a 20% ao ano. Isso faz com que essas empresas estejam com dificuldades muito grandes de realizar investimentos”, explica Lima. A TAG se preocupa com a queda de atratividade de novos investimentos em função da elevada taxa de juros, especialmente em comparação com outros setores, como o de transmissão de energia, admite Saboia. Ainda assim, diz a empresa considera o momento atual como uma oportunidade para ampliar a eficiência e o uso intensivo da sua infraestrutura. “Isso vai contribuir para a transição energética do país”, ressalta. “O gás natural é uma opção energética segura, capaz de garantir mais confiabilidade para a indústria e o setor elétrico, além de contribuir para a descarbonização desses setores”, afirma.
Fonte: Valor Online / Valor 1000
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