O biometano, um gás combustível produzido a partir de resíduos orgânicos, se fortalece na indústria como opção sustentável ao diesel. Os caminhões movidos a biometano que transportam produtos do grupo francês L’Oréal da fábrica em São Paulo ao Centro de Distribuição Gaia, em Jarinu (SP), e daí aos seus transportadores e clientes nas regiões Sul e Sudeste, são chancelados como prioritários. Ou seja, os veículos têm entrada livre nos pátios dos clientes: o caminhão chega e é desembarcado imediatamente, sem perda de tempo. “Criamos uma espécie de tapete verde para entrada livre dos nossos produtos em grandes clientes que atuam no Sul e Sudeste do país, como Grupo Raia Drogasil, Mercado Livre, Amazon, Assaí, entre outros, otimizando muito a frota de veículos e a um custo muito menor”, conta Juliana Fleming, diretora de operações da L’Oréal no Brasil. Segundo ela, hoje, 40% dos itens da marca vendidos no país são transportados por 13 caminhões movidos pelo combustível sustentável. “Com a adoção do biometano, que permitirá uma redução de 2,2 mil toneladas de CO2 nas operações de transporte da empresa, tivemos também ganhos muito grandes de eficiência na logística”, avalia a diretora.
Não se trata de uma iniciativa exclusiva. A PepsiCo, que possui uma das maiores frotas de veículos entre as empresas de bebidas do país, opera com 69 caminhões movidos a gás, 50 dos quais abastecidos na estação de biometano criada pela companhia na sua fábrica em Itu, interior paulista. É um movimento que ganhou mais força com a Lei do Combustível do Futuro, aprovada em 2024, visando substituir combustíveis fósseis por biocombustíveis sustentáveis. E que vem acelerando a criação de um ecossistema do biometano, envolvendo usuários em várias áreas de negócios, fabricantes de veículos, produtores rurais e distribuidores do combustível 100% renovável. A Scania, um dos principais fabricantes de caminhões e ônibus no país, estuda alternativas ao diesel, incluindo a eletrificação, mas tem dado prioridade à produção de veículos a gás, por considerar ser a mais viável, no momento, para o mercado brasileiro, informa Alex Nucci, diretor de vendas e operações da multinacional sueca. Desde 2019, quando trouxe os primeiros veículos a gás para o Brasil, a Scania já vendeu 2,3 mil caminhões, devendo chegar a 2,5 mil unidades até dezembro. “São veículos movidos a gás e a biometano – funcionam com os dois combustíveis – e as versões mais novas de caminhões passaram a ter uma autonomia de 650 quilômetros rodados”, afirma Nucci.
Além de parcerias de fabricantes de veículos com grandes embarcadores de carga, acordos com produtores e distribuidores buscam assegurar o desenvolvimento de fontes de abastecimento do biometano em todo país. Com 12 plantas de energia elétrica a biogás e biometano, a Gás Verde, empresa do Grupo Urca Energia, produz em média 160 mil metros cúbicos/dia de biometano. O plano é atingir 650 mil m3 /dia até 2028 com a conversão das térmicas a biogás para plantas de biometano. “Para isso, estamos investindo cerca de R$ 1 bilhão para transformar as dez termoelétricas em plantas de biometano, destaca Marcel Jorand, CEO da companhia. A maior usina de biometano do grupo, em Seropédica (RJ), deve passar de uma produção de 150 mil m3 de biometano/dia para 230 mil m3 /dia nos próximos 30 meses. Uma das mais tradicionais distribuidoras de gás liquefeito do petróleo, a Ultragaz se reposicionou estrategicamente em 2019, passando a atuar como uma plataforma de energia com foco na transição energética e na descarbonização da indústria, relata Guilherme Darezzo, vice-presidente de operações da empresa. Em 2023, adquiriu a Neogás para atuar na distribuição de biometano com foco restrito à frota de veículos pesados. “Temos atualmente um volume contratado de 650 mil metros cúbicos/dia, provenientes de 15 sites e plantas de produção de biometano, desenvolvidos por parceiros, para atender 17 clientes no país”, indica Darezzo.
A criação de rotas prioritárias, os chamados corredores verdes rodoviários, com postos de abastecimento a cada 400 km ou 500 km, também ajuda a acelerar a transição ao biometano. No Paraná, o governo estadual está implantando ao longo de 4.586 km de estradas que cruzam 147 municípios o projeto de Corredores Rodoviários Sustentáveis. O objetivo é incentivar a criação de plantas de produção de biometano, a partir do uso de dejetos e resíduos agroindustriais para movimentar frotas rodoviárias. “O governo do Estado assume as taxas de juros em até 5% das taxas contratadas pelos produtores rurais que decidirem investir na produção e distribuição do biometano ao longo das rodovias mapeadas”, explica Herlon Goetzer de Almeida, coordenador do programa dos corredores. “Isso já significa, até agora, um Menu Emergência climática Luís investimento de R$ 260 milhões em taxas de juros no programa Renova Paraná”, comenta Almeida.
Fonte: Valor Econômico / Especial Emergência Climática
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