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Petrobras pode investir no exterior na área de gás

A Petrobras pode voltar a expandir sua atuação fora do país, depois de colocar seu plano de internacionalização em hibernação e pôr uma série de ativos à venda no exterior ao longo dos últimos anos. O presidente da estatal, Pedro Parente, disse que a companhia pretende aumentar a participação do gás natural dentro de seu mix de produção e sinalizou que a empresa pode fazer investimentos no exterior para atingir essa meta.

Em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial, Parente destacou que o gás natural é o combustível da transição energética para uma economia de baixo carbono. Ele explicou que, no Brasil, a produção de gás se dá, em sua maioria, em campos associados ao petróleo e volumes expressivos são reinjetados para aumentar a produção de óleo. Pelas características geológicas dos campos brasileiros, segundo o executivo, apenas 20% da produção da Petrobras é de gás, enquanto o petróleo responde pelos outros 80%.

“Temos que reequilibrar essa participação. Isso tem um impacto estratégico para nós, temos que ir para o exterior, não ficar somente no Brasil”, afirmou Parente.

Em outubro, o executivo já havia dado um sinal nessa direção, ao comentar a parceria estratégica assinada com a britânica BP, para avaliação conjunta de oportunidades de negócio. Na ocasião, Parente disse que o acordo envolvia um “interesse muito grande” na área de gás e que a parceria poderia incluir eventuais trocas de ativos entre as duas petroleiras.

Um aumento da produção de gás no exterior significaria uma retomada da expansão da empresa no mercado internacional.

Desde 2014, quando os desdobramentos da Lava-Jato e da queda do preço do barril do petróleo mergulharam a Petrobras numa crise financeira, a empresa interrompeu a trajetória de crescimento de seus negócios fora do país e se desfez de uma série de ativos.

Desde 2015, a companhia já levantou US$ 1,7 bilhão com a venda de ativos no exterior. A empresa tem, ainda, outros processos de desinvestimentos em curso, como os ativos de distribuição de combustíveis no Paraguai e a Petrobras África.

A intenção da estatal é se desfazer de todos os seus ativos no setor de refino e distribuição de combustíveis. Presente no mercado de distribuição em cinco países até 2016, a estatal já vendeu seus postos na Argentina e Chile e negocia os ativos do Paraguai. Com isso, a estatal mantém os pés apenas na Colômbia e Uruguai, que possuem uma rede de cerca de 200 postos (20% da rede que detinha em 2016, antes dos desinvestimentos).

A Petrobras também já sinalizou que pretende vender a refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), se retirando por completo do mercado internacional de refino, depois de ter vendido os ativos Nansei Sekiyu (Japão) e Bahía Blanca (Argentina).

Em Davos, Parente tem aproveitado a presença no fórum para estreitar o relacionamento com algumas multinacionais do setor de energia. Durante sua participação no evento, estão agendadas reuniões bilaterais com executivos da Total e Repsol, sócias da empresa no pré-sal, e Engie, uma das candidatas à compra da Transportadora Associada de Gás (TAG).

Durante painel sobre a transição energética, ao ser questionado sobre a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor uma tarifa de 30% sobre a importação de peças para a fabricação de painéis solares, ele disse que o assunto é motivo de preocupação, por estar “associado ao fato de que eles [americanos] estão, na realidade, estimulando o carvão novamente”.

Ao comentar o papel das petroleiras na transição energética, Parente afirmou que a indústria de óleo e gás “está ciente” sobre a necessidade de investir para reduzir a pegada de carbono. O executivo mencionou, como exemplo, a criação da OGCI (Oil and Gas Climate Initiative), iniciativa que reúne dez petroleiras globais, com o objetivo de investir na luta contra as mudanças climáticas.

“A indústria [petrolífera] está preocupada em responder às demandas da sociedade. Para grandes companhias, a mentalidade, às vezes, é difícil de mudar. Pelos menos estamos cientes [da necessidade de mudanças]”, disse.

 

Fonte: Valor Econômico

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