A recuperação dos preços do barril do petróleo e a continuidade do calendário de leilões do pré-sal em 2018, após o sucesso das rodadas do ano passado, ajudaram a elevar a confiança da indústria de óleo e gás no Brasil. Levantamento feito pela consultoria norueguesa DNV GL mostra que o índice de confiança entre os líderes da indústria cresceu de 50% em 2017 para 78% em 2018.
Para o vice-presidente e gerente de área da DNV GL Oil & Gas para a América do Sul, Alex Imperial, a confirmação de algumas promessas do governo, como a extensão do Repetro (regime aduaneiro especial para o setor de óleo e gás) e a redução dos percentuais de conteúdo local, ajudaram a elevar o otimismo sobre o mercado brasileiro.
Esse clima de negócios mais positivo se refletiu, por exemplo, nos cerca de US$ 9,25 bilhões (R$ 30,8 bilhões) investidos pelas petroleiras globais em 2017, na aquisição de ativos no Brasil, segundo levantamento do Valor.
“As perspectivas positivas em relação ao ano passado se materializaram, já são vivenciadas. Vimos as grandes petroleiras e as empresas independentes fortalecerem suas posições no Brasil, nos leilões, confirmando a atratividade dos ativos geológicos do país. O que vemos em 2018 é uma melhora continuada do ambiente de negócios no mercado brasileiro, uma certeza maior de que as promessas estão sendo cumpridas”, avalia Imperial.
O otimismo com o mercado brasileiro é traduzido pelos números da pesquisa, que ouviu 813 executivos do setor, sendo 41 no Brasil, entre representantes das petroleiras e da cadeia fornecedora. Segundo a consultoria, o patamar de confiança nas perspectivas para a indústria petrolífera, entre os brasileiros, está acima da média global, que também subiu, de 32% para 63%.
Este é o segundo ano consecutivo de alta na confiança no país. Em 2017, em meio às expectativas de realização dos leilões e das sinalizações de mudanças regulatórias, o índice já havia subido, de 16%, em 2016, para 50%.
A pesquisa mostra, no entanto, que o aumento da confiança não deve se refletir necessariamente no crescimento dos investimentos. Apenas 17% dos entrevistados brasileiros esperam aumentar os aportes (em 2017, eram 44%). Já o percentual de brasileiros que esperam contratar para aumentar seu quadro de pessoal caiu de 22% em 2017 para 10% em 2018.
“É natural. O setor vivenciou uma crise profunda e duradoura e muita eficiência foi ganha ao longo dos últimos três anos. E natural que as empresas tentem capturar essa eficiência conquistada na hora de investir. Isso sem falar que houve um atraso nos projetos, e não há grandes projetos no Brasil, para o curto prazo”, disse Imperial.
Questionado sobre se as eleições podem afetar o índice de confiança do setor, Imperial argumenta que as empresas, sobretudo as fornecedoras, naturalmente mantêm alguma cautela na hora de investir num ano eleitoral. O consultor não acredita, contudo, na reversão das mudanças regulatórias e em alterações no calendário de leilões.
“Acho que qualquer político que assuma o mandato vai trabalhar com uma boa dose de pragmatismo. É fácil ver os avanços no setor no último ano. O mercado espera que até o leilão do pré-sal já haja uma decisão definitiva sobre o julgamento de Luiz Inácio Lula da Silva e uma maior clareza no cenário político”, disse.
Fonte: Valor Econômico
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