Os Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná ainda não sabem como ficará, no ano que vem, a oferta de um dos insumos mais importantes para as suas economias, especialmente à indústria: o gás natural.
A expectativa é de que essa decisão terá que ser tomada pelos novos presidentes das distribuidoras de gás natural dos Estados porque o governo brasileiro, via Petrobras, não quer arcar sozinho com um novo contrato com a Bolívia. A oferta de gás natural cresceu no país nos últimos anos e a intenção é descentralizar esse fornecimento ao mercado hoje atendido exclusivamente no Sul pela Bolívia, por meio do gasoduto Gasbol.
A expectativa é de que a Petrobras participe, mas os Estados terão mais influência nas decisões. Em SC, esses desafios estarão a cargo do novo presidente da SCGás, cujo nome ainda não foi revelado pelo governador Carlos Moisés, mas o mais cotado é um engenheiro da empresa, Willian Anderson Lehmkuhl, vice-presidente do Comitê da International Gas Union.
Além de tratar do contrato com a Bolívia, que precisa ser decidido porque o que está em vigor se encerra em 31 de dezembro deste ano, há também outra alternativa de fornecimento. Trata-se do projeto do Terminal Gás Sul (TGS), unidade de regaseificação de gás natural liquefeito previsto para a Baía da Babitonga, em São Francisco do Sul, pela multinacional norueguesa Golar Power Latam.
Esse projeto enfrentou uma disputa com o projeto do Porto Brasil Sul para licenciamento, porque prevê ocupar uma parte da área prevista para o futuro porto projetado para São Francisco do Sul. Mas teria vencido as disputas judiciais.
A última decisão, no dia 18 de dezembro, foi da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que forneceu o registro de instalação para o Terminal Gás Sul. A expectativa é de que agora o projeto poderá obter outras licenças e seguir para implantação. O investimento é de US$ 100 milhões, o impacto ambiental é mínimo e, se implantado, vai ampliar em Santa Catarina a oferta de gás natural dos atuais 2,4 milhões de m3 por dia fornecidos pelo Gasbol para 7 milhões.
O Paraná, que tem 5 milhões hoje ampliará também para 7 milhões e o Rio Grande, de 2,5 milhões, passa para 3,5 milhões de m3. Essas limitações são em função da estrutura de gás disponível.
Como não há garantia de nova oferta imediata de gás, o Sul do país deverá continuar nas mãos da Bolívia.
O presidente Evo Morales esteve na posse de Jair Bolsonaro tentando fechar um acordo, mas não conseguiu. No ano passado, o país obteve mais de US$ 1,5 bilhão com exportação de gás ao Brasil. É o maior contrato internacional dos bolivianos. É uma oportunidade para as distribuidoras de gás do Sul tentar negociar preço um pouco mais baixo do atual.
Fonte: NSC Total / coluna Estela Benetti
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