A Gás Natural Açu (GNA), joint venture formada pela Prumo Logística, BP e Siemens, deu mais um passo importante na estruturação financeira do projeto termelétrico GNA I (1,3 mil gigawatts), usina a gás natural em construção no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), no Norte Fluminense. A companhia fechou com o International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial para o setor privado, um contrato de financiamento de longo prazo (15 anos), no valor de US$ 288 milhões.
A assinatura do empréstimo ocorre três meses após a GNA anunciar o primeiro contrato de financiamento, no valor de R$ 1,7 bilhão, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e à KfW IPEX-Bank – responsável pelo financiamento de projetos internacionais e exportações do grupo KfW. A operação conta com o apoio da agência
alemã de crédito à exportação Euler Hermes Aktiengesellschaft.
O diretor-presidente da GNA, Bernardo Perseke, conta que, com as duas linhas de empréstimo fechadas, a empresa já garantiu R$ 2,6 bilhões em financiamentos de longo prazo para implementar o projeto – que contempla ainda a construção de um terminal de gás natural liquefeito (GNL), com capacidade para regaseificar 21 milhões de metros cúbicos diários (m3 /dia) de gás natural.
Ao todo, a GNA espera investir cerca de R$ 4,5 bilhões no projeto, utilizando também parte de capital próprio dos sócios.
As obras de construção de GNA I completaram um ano, em março, e já exigiram até o momento, dos acionistas, aportes de R$ 1,2 bilhão. Ao todo, 2,5 mil trabalhadores estão envolvidos nas obras do empreendimento, previsto para começar a gerar a partir de 2021.
A companhia tem um outro projeto no Açu, a GNA II, com capacidade para gerar mais 1,7 gigawatts e previsão de entrada em operação em 2023. Juntas, as duas unidades vão garantir um parque gerador de 3 GW de energia firme. Segundo Perseke, a estruturação do financiamento da térmica GNA II ainda está sendo discutida internamente. A expectativa é que
as obras da unidade comecem entre o fim deste ano e início de 2020 no Açu, porto que surgiu pelas mãos do empresário Eike Batista e que é controlado pela americana EIG.
Além dessas duas usinas, a GNA possui licença ambiental para mais que dobrar sua capacidade instalada, para 6,4 gigawatts. Questionado sobre o interesse de participar dos próximos leilões de energia nova, de junho e setembro, Perseke disse que a companhia está “sempre preparada para explorar novas oportunidades”.
“Mas precisamos ver as regras [do edital dos leilões] e como a demanda [por energia] vai estar, antes de tomarmos a decisão [de investimento]”, afirmou Perseke.
O executivo destaca que, no futuro, a ideia da empresa é que as termelétricas do Açu consumam não mais GNL, mas gás natural doméstico do pré-sal.
“Como fazer isso [viabilizar o uso do gás nacional é uma questão que] ainda está sobre a mesa. Precisamos de um novo ambiente regulatório e, além disso, conversar com os produtores de gás”, disse.
Segundo Perseke, a iniciativa do governo federal de retomar as discussões para modernização do marco regulatório de gás,
de forma a abrir o mercado brasileiro, é “positiva”. “Mas ainda temos que ver como vai ser estruturada [a nova regulação]”, comentou.
A GNA I é o terceiro investimento do IFC em geração de energia a base de GNL, na América Latina. A entidade também financia um projeto da AES Cólon, no Panamá, e da Centrais Elétricas de Sergipe (Celse) no Porto de Sergipe. A carteira atual de investimentos comprometidos pelo IFC em infraestrutura no Brasil é de US$ 800 milhões, sendo 70% desse valor destinado ao segmento de energia.
“Historicamente [o financiamento de projetos de infraestrutura, no Brasil], envolve o BNDES… Estamos trabalhando para ajudar o Brasil a identificar outros meios de financiamento de infraestrutura, porque o país possui uma necessidade de investimentos”, disse o gerente sênior do departamento de Infraestrutura do IFC, Lance Crist, ao Valor.
Fonte: Valor Econômico
Related Posts
Queda do barril pode ajudar negociações para destravar importação de gás da Argentina
A queda no preço do barril de petróleo pode criar uma oportunidade para negociar aspectos que dificultam o comércio de gás natural entre Brasil e Argentina e, assim, dar condições mais vantajosas para a...
Shell reduz projeções de produção de gás após manutenção não planejada atingir volumes
A Shell, gigante de energia sediada em Londres, reduziu sua estimativa de produção de gás para o primeiro trimestre, após os volumes terem sido afetados por uma manutenção não planejada na Austrália e...