A Petrobras terminou o primeiro trimestre de 2019 com lucro líquido de R$ 4,03 bilhões, queda de 42,1% na comparação com o lucro de R$ 6,96 bilhões apurado no mesmo intervalo do ano anterior.
O resultado teve impacto negativo de itens especiais no montante de R$ 602 milhões e da adoção das novas regras contábeis do IRFS 16, que altera o padrão de reconhecimento contábil das operações de arrendamento e locações.
Ao excluir esses ajustes, o lucro dos três primeiros meses de 2019 teria sido de R$ 5,14 bilhões.
Em relação aos itens especiais ou efeitos não recorrentes, o impacto negativo de R$ 602 milhões foi bem inferior ao registrado no quarto trimestre de 2018, de R$ 6,3 bilhões. No primeiro trimestre de 2018, estes itens tiveram um efeito positivo de R$ 2,61 bilhões.
Na categoria itens especiais, a Petrobras registrou no primeiro trimestre de 2019 um efeito positivo de R$ 695 milhões com a venda e baixa de ativos, de R$ 280 milhões referente a acordos assinados com o setor elétrico e outros no montante de R$ 40 milhões, que compensaram, em parte, o impacto negativo de R$ 1,374 bilhão com perdas com contigências judiciais e outros efeitos negativos de R$ 242 milhões.
A receita da estatal somou R$ 80 bilhões no trimestre, alta de 7% ante a receita de R$ 74,46 bilhões do mesmo intervalo de 2018.
O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado teve aumento de 7% no trimestre, para R$ 27,49 bilhões, ante os R$ 25,77 bilhões nos primeiros três meses do ano anterior.
Excluindo os efeitos do IFRS 16 e dos itens especiais, o Ebitda do primeiro trimestre de 2019 foi de R$ 25,18 bilhões, queda anual de 4%.
Entre os pontos que impactaram o resultado da empresa está o resultado financeiro, que foi negativo em R$ 8,15 bilhões, um aumento de 12% ante o primeiro trimestre de 2018. As despesas financeiras subiram 16%, para R$ 6,8 bilhões. A receita financeira somou R$ 1,37 bilhão, alta anual de 24%.
Outro efeito negativo veio das despesas operacionais, que cresceram 38% no período para R$ 12,4 bilhões.
Caixa
A estatal encerrou o primeiro trimestre de 2019 com R$ 40,8 bilhões em caixa, um montante 41,9% inferior aos R$ 70,2 bilhões do primeiro trimestre do ano passado e aos R$ 58,05 bilhões no quarto trimestre de 2018.
A geração de caixa operacional da Petrobras somou R$ 17,7 bilhões no primeiro trimestre de 2019, uma queda de 20,1% na comparação anual, devido, principalmente, ao maior pagamento da terceira parcela do acordo para encerramento da ação coletiva (class action), em função da desvalorização do real frente ao dólar, além das menores margens de comercialização, compensados parcialmente por maiores volumes de vendas de derivados no mercado interno e maiores receitas com exportações, refletindo a desvalorização do real frente ao dólar.
Os investimentos da Petrobras de janeiro a março de 2019 somaram R$ 5,6 bilhões, sendo 81% destinados para a área de exploração e produção. Na comparação com o primeiro trimestre de 2018, os investimentos caíram 39%.
Assim, a estatal petroleira encerrou o período com fluxo de caixa livre de R$ 12,1 bilhões, contra R$ 12,99 bilhões no primeiro trimestre do ano passado e R$ 17,12 bilhões no quarto trimestre de 2018.
Dívida
O endividamento líquido da Petrobras chegou a R$ 372,23 bilhões no fim de março, alta de 38% ante o endividamento do fim de dezembro, de R$ 268,82 bilhões. No fim de março do ano passado, a cifra tinha chegado a R$ 270,7 bilhões.
O aumento da dívida ocorreu em função das novas normas contáveis do IFRS 16. Ao desconsiderar tais efeitos, o endividamento líquido seria de R$ 266,3 bilhões, segundo a companhia.
Com isso, a alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) chegou a 3,19 vezes, ante 2,34 vezes no fim de dezembro e 3,52 vezes no fim de março de 2018. Ao excluir o efeito do IFRS 16, a alavancagem fica em 2,37 vezes.
Em dólares, a dívida líquida da estatal, atingiu US$ 95,52 bilhões, ante US$ 69,34 bilhões em dezembro de 2018 e US$ 81,45 bilhões em março do ano passado. Ao excluir o IFRS 16, a dívida líquida em dólar é de US$ 68,33 bilhões.
Em informe de resultados, a Petrobras ressalta que a meta é reduzir a alavancagem para 1,5 vez em 2020, considerando os efeitos do IFRS 16.
Exploração
A área de exploração e produção (E&P) da companhia fechou o primeiro trimestre do ano com lucro de R$ 10,138 bilhões, uma queda de 12% ante o primeiro trimestre de 2018.
Entre janeiro e março deste ano, a produção de óleo e LGN no Brasil foi de 2,460 milhões de barris/dia, queda de 5% ante o primeiro trimestre do ano anterior.
Refino
A área de refino, transporte e comercialização da estatal fechou o primeiro trimestre do ano com lucro de R$ 1,905 bilhões, uma queda de 38% ante o primeiro trimestre de 2018.
No primeiro trimestre, a produção de derivados no Brasil foi de 1,740 milhão de barris por dia, alta de 4% ante igual período do ano anterior.
Já a área de gás e energia da Petrobras fechou o primeiro trimestre do ano passado com lucro de R$ 935 milhões, uma alta de 94% frente ao primeiro trimestre de 2018.
Extração
O custo de extração (lifting cost) de petróleo da empresa no Brasil, já contando as participações governamentais, caiu 4% no primeiro trimestre do ano, ante igual período de 2018, para US$ 22,73 por barril.
Já o custo de extração no Brasil sem as participações governamentais caiu 9% no primeiro trimestre, na comparação com igual período de 2018, para US$ 10,44 por barril.
Importação
A importação de petróleo e derivados pela companhia subiu 92% no primeiro trimestre do ano, ante igual período de 2018, para 343 mil barris por dia.
Já a exportação de óleo e derivados pela estatal caiu 2% no primeiro trimestre, ante igual período de 2018, para 673 mil barris por dia.
O volume de vendas de derivados pela estatal subiu 5% no primeiro rimestre do ano, na comparação com igual período de 2018, para 1,737 milhão de barris por dia.
Fonte: Valor Online