Um dia depois de a Petrobras anunciar a redução no preço da gasolina e do diesel nas refinarias, o presidente Jair Bolsonaro disse no sábado (01/6) que soube do reajuste após a divulgação feita pela estatal e negou interferências na petroleira.
Na noite da última sexta-feira, o presidente anunciou o corte pelas redes sociais. O anúncio ocorreu num dia em que Bolsonaro confraternizou com caminhoneiros, durante um almoço em uma churrascaria de um posto de gasolina em Anápolis, Goiás. Há cerca de dois meses, o governo monitorava a insatisfação dos caminhoneiros, que ameaçavam uma nova paralisação
diante do fim do subsídio ao preço do diesel e do aumento do preço do combustível.
“Isso [o preço do combustível] tem a ver com o dólar, petróleo, a gente não vai interferir na Petrobras, eu não tenho como interferir. A minha interferência é demitindo ou não o presidente e diretores, e não pretendo. Eu confio no (Roberto) Castello Branco [presidente da estatal]”, afirmou. Bolsonaro disse ainda que quer dar um sinal aos investidores interessados na exploração de petróleo no Brasil de que o governo não interferirá na estatal.
O presidente ainda voltou a afirmar que não entende de economia e que “quem entendia afundou o Brasil”, uma referência à ex-presidente Dilma Rousseff. “Eu confio 100% na economia do [ministro] Paulo Guedes. A economia, de vez em quando, não é tão ciência exata assim. Tem que mexer com projeção, probabilidade e ver como o mercado fora do Brasil se comporta. A gente quer melhorar os nossos índices aqui, agora passa por condições até externas”, afirmou.
Votação na comissão especial
De acordo com as perspectivas do presidente, a reforma da Previdência deve ser votada daqui a no máximo vinte dias na comissão especial que analisa o texto na Câmara. Sobre se há previsão de reunir-se nos próximos dias com o relator da reforma
na Casa, Samuel Moreira (PSDB-SP), Bolsonaro disse apenas ter um bom relacionamento com o tucano e que o deputado sabe
muito bem o trabalho que está fazendo. “Ele [Samuel] está fazendo a coisa certa”, afirmou.
Além disso, o presidente falou sobre o crédito extraordinário de R$ 248,9 bilhões no Orçamento. Ele afirmou que gostaria de liberar ele próprio, mas advertiu que a prerrogativa é do Legislativo. De acordo com o Ministério da Economia, se o Congresso
não aprovar a liberação até meados de junho, começará a ter problemas para pagar despesas como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Bolsonaro disse ainda que, se a receita não aumenta, é preciso fazer um contingenciamento. “Se não, eu vou estar incorrendo na LRF [Lei de Responsabilidade Fiscal]”. Segundo ele, o pagamento do 13º do Bolsa Família será garantido com recursos oriundos do combate à corrupção.
Reforma tributária
Bolsonaro afirmou que, da parte dele, não criará ou aumentará nenhum imposto. Disse que ainda aguarda um parecer de Paulo Guedes, sobre a reforma tributária proposta pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP), que tramita na Câmara. “Se fizer uma boa reforma tributária, a gente apoia”.
O presidente também refutou a proposta de “CPMF ampliada”, do secretário da Receita Federal, Marco Cintra. “Com todo respeito, o Marco Cintra é só um secretário. Acima dele está o Paulo Guedes, depois estou eu. A gente não admite falar na volta da CPMF”, disse. Bolsonaro disse ser possível unificar impostos e criar um novo nome para o tributo, desde que isso não represente “tirar mais dinheiro do povo”.
Bolsonaro falou com jornalistas na tarde deste sábado ao sair de um churrasco com colegas militares, realizado na região do Lago Sul, em Brasília.
Fonte: Valor Online
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