O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, disse que as condições do empréstimo ao setor elétrico devem ser conhecidas na próxima quarta (01). Segundo ele, a demanda dos bancos pelo financiamento foi superior ao valor projetado, de R$ 16,1 bilhão, o que pode melhorar o custo do crédito.
“Estamos otimistas porque até agora a demanda e o apetite dos bancos é bastante satisfatória”, afirmou. O BNDES atua como coordenador da operação e nesta quinta (25) enviou aos bancos interessados aviso para a abertura das ofertas finais.
O valor do empréstimo foi aprovado esta semana pela Aneel. Os recursos serão entregues às distribuidoras de energia para garantir liquidez ao setor, que sofre com queda nas vendas e aumento da inadimplência após o início da pandemia.
O financiamento reduz a necessidade de reajustes tarifários em 2020, diluindo os custos extras em um período de cinco anos. O modelo, chamado de Conta-Covid, repete solução adotada pelo governo em 2014, quando a necessidade de comprar energia cara para atender o mercado gerou desequilíbrios nas finanças das distribuidoras de energia.
Montezano afirmou nesta quinta, porém, que as condições do financiamento atual serão melhores do que as daquele período, quando a taxa de juros estava em patamares bem mais altos. “Com a queda de juros, essa operação vai sair com um custo bem mais barato para o consumidor”, comentou, sem detalhar valores.
O presidente do BNDES disse esperar que os recursos sejam desembolsados durante o mês de julho. Como em 2014, o financiamento será tomado pela CCEE (Câmara Comercializadora de Energia Elétrica), para evitar impactos na dívida das empresas.
De acordo com projeções do MME (Ministério de Minas e Energia), o impacto da pandemia no setor elétrico já chega a R$ 8,6 bilhões, sendo que R$ 3,4 bilhões referem-se ao aumento da inadimplência no pagamento das contas de luz. Desde 18 de março, a inadimplência acumulada é de 8,12%, contra uma média de 2,4% no primeiro semestre de 2019.
No evento desta quinta, Montezano repetiu que o BNDES tem dinheiro disponível para investir em projetos de saneamento, setor que precisará de R$ 600 bilhões a R$ 700 bilhões para cumprir metas de universalização previstas no marco regulatório aprovado pelo Senado nesta quarta (24).
“A gente reconhece que são volumes expressivos”, afirmou. “Mas é um processo de amadurecimento, esse recurso não é desembolsado todo de uma vez.” Ele acrescentou que vê grande interesse de financiadores privados, como fundos de pensão ou mesmo bancos, em colocar recursos nesse setor.
Fonte: Folha.com
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