A Gazprom anunciou seu primeiro prejuízo trimestral em mais de quatro anos, afetada pela pandemia da covid-19, que derrubou tanto a demanda por gás quanto os preços do produto.
A desvalorização de 30% no valor do rublo russo durante o primeiro trimestre de 2020, provocada pelo recuo dos preços do petróleo, agravou a queda nas vendas em volume assim como a dos preços cobrados pela estatal de gás russa, declínios que devem continuar pelo resto do ano.
A Gazprom anunciou seu primeiro prejuízo trimestral em mais de quatro anos, afetada pela pandemia da covid-19, que derrubou tanto a demanda por gás quanto os preços do produto.
A desvalorização de 30% no valor do rublo russo durante o primeiro trimestre de 2020, provocada pelo recuo dos preços do petróleo, agravou a queda nas vendas em volume assim como a dos preços cobrados pela estatal de gás russa, declínios que devem continuar pelo resto do ano.
O prejuízo evidencia o forte impacto fiscal que a pandemia deverá ter na Rússia, que sofre com uma recessão econômica, decorrente da quarentena doméstica e da desaceleração mundial, e com uma redução significativa na arrecadação do governo, diante das vendas menores de gás, petróleo e outras commodities.
“As condições externas nas quais a Gazprom e a indústria como um todo operam em 2020 são vistas por analistas de mercado como sendo extremamente desfavoráveis”, disse Famil Sadygov, vice-presidente do conselho. O prejuízo é o primeiro desde o terceiro trimestre de 2015.
Como fábricas e escritórios pelo mundo tiveram que fechar em razão das medidas de confinamento, as vendas de gás à Europa, principal mercado da Gazprom, e à China caíram 17% em comparação ao mesmo período de 2019. Além disso, o preço médio de venda foi 36% menor.
Isso derrubou a receita em quase 25%, para 1,74 trilhão de rublos (US$ 24,4 bilhões), e fez a empresa registrar prejuízo líquido de 116 bilhões de rublos (US$ 1,64 bilhão).
Sadygov disse que se trata essencialmente de um prejuízo “contábil”, já que reflete “diferenças negativas significativas nas taxas de câmbio”.
“Sob essas condições, é possível considerar que os resultados financeiros da companhia vistos no primeiro trimestre, para usar um termo moderado, não foram ruins”, disse acrescentando que a empresa teria registrado lucro de 288 bilhões de rublos se não fosse o impacto cambial, e que essa quantia será usada para calcular futuros dividendos.
As ações da companhia, em queda de 25% desde o início de janeiro, desvalorizaram-se 1,3% em Moscou depois do anúncio do resultado.
Ronald Smith, diretor executivo em Moscou da corretora e banco de investimento BCS Global Markets, disse que os resultados em grande medida ficaram dentro do esperado, mas que empresa deve preparar-se para “mares difíceis” no futuro.
“A situação no mercado de gás europeu é abissal, com os preços e volumes em profunda queda”, disse Smith em nota a seus clientes. “Em resumo, o segundo e terceiro trimestres de 2020 provavelmente serão os piores trimestres em 15 anos para a receita das exportações de gás da Gazprom à Europa.”
A Gazprom fornece quase 40% do gás usado na Europa, principalmente por meio de gasodutos da era soviética. Sua posição como principal fornecedor vinha sendo contestada recentemente pelos envios de gás natural liquefeito (GNL) de outros países, como os Estados Unidos, o que reduziu os preços do gás e as margens de lucro da empresa russa.
A companhia também foi ameaçada por sanções dos Estados Unidos pela construção do gasoduto Nord Stream 2, sob o Mar Báltico, da Rússia até a Alemanha. O duto, que aumentaria a capacidade de fornecimento aos mercados europeus, está quase pronto, mas tem sofrido atrasos em razão dos esforços de Washington para evitar sua conclusão.
Fonte: Valor Online
Related Posts
Queda do barril pode ajudar negociações para destravar importação de gás da Argentina
A queda no preço do barril de petróleo pode criar uma oportunidade para negociar aspectos que dificultam o comércio de gás natural entre Brasil e Argentina e, assim, dar condições mais vantajosas para a...
Shell reduz projeções de produção de gás após manutenção não planejada atingir volumes
A Shell, gigante de energia sediada em Londres, reduziu sua estimativa de produção de gás para o primeiro trimestre, após os volumes terem sido afetados por uma manutenção não planejada na Austrália e...