O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez nesta terça-feira (29) uma videoconferência com o secretário de Energia da Argentina, Darío Martínez, a fim de tratar do projeto bilionário para conectar a malha de gasodutos dos dois países.
A ideia de um novo duto entre os municípios de Uruguaiana (RS) e Porto Alegre, orçado preliminarmente em US$ 1,2 bilhão e com extensão de quase 600 quilômetros, foi apresentada pelo embaixador argentino Daniel Scioli ao governo Jair Bolsonaro no início de setembro e noticiada pela Valor.
Hoje, pela primeira vez, as duas principais autoridades energéticas em cada país tiveram a oportunidade de falar sobre o assunto. O próprio Scioli e o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Sergio Danese, também participaram da videoconferência. As equipes técnicas se comprometeram a trabalhar no assunto durante as próximas semanas.
O projeto de gasoduto visa escoar a produção de Vaca Muerta — uma das maiores reservas de gás de xisto do planeta — até Porto Alegre. De lá, o insumo argentino poderia conectar-se com a rede brasileira para abastecer os mercados da região Sul e de São Paulo
Além do empreendimento do lado brasileiro, o projeto abrange a ampliação da capacidade de transporte no sistema de 1.430 quilômetros de dutos que corta o país vizinho. São investimentos estimados em US$ 3,7 bilhões entre a província de Neuquén, onde ficam as jazidas, e a fronteira com o Brasil em Uruguaiana (RS).
A capacidade total de fornecimento chegaria a 30 milhões de metros cúbicos por dia — praticamente a mesma do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol). Hoje a Argentina manda apenas 3 milhões de m3 /dia, mas de forma inconstante, para o acionamento da usina térmica de Uruguaiana, a gás natural, principalmente nos períodos de seca e quando reservatórios das hidrelétricas estão em baixa.
Com essa nova infraestrutura, a Argentina quer impulsionar o uso do gás de Vaca Muerta pela indústria brasileira. Atualmente o insumo tem custo final perto de US$ 11 em São Paulo, mas poderia chegar a Porto Alegre com um valor de US$ 7 por milhão de BTU (unidade de referência no setor).
Para a Argentina, o benefício da parceria não estaria só na venda direta do gás. Com acesso a um mercado tão grande como o brasileiro, seria mais fácil atrair investimentos também para o aumento da exploração em Vaca Muerta. O megacampo teve suas reservas confirmadas em 2011 e já produz mais de 70 milhões de metros cúbicos, além de 150 mil barris de petróleo, por dia. Gigantes como Shell, Exxon e Total atuam em Neuquén. A maior parte da produção ocorre por meio da técnica de “fracking”.
Na videoconferência de hoje, Scioli lembrou que o intercâmbio Brasil-Argentina na área de energia já soma cerca de US$ 500 milhões por ano. Ele também abordou a possibilidade de maior cooperação nas questões de energia nuclear e do setor elétrico.
Fonte: Valor Online
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