A demanda de cogeração de energia elétrica a gás natural no Brasil pode alcançar 7,2 GW, mais que o dobro dos atuais 3,074 GW de potência instalada da fonte, aponta um estudo da Cogen em parceria com a Promon Engenharia.
O levantamento feito com 12 segmentos apontou que o maior potencial para a produção de eletricidade a partir da cogeração está nas atividades química, hospitais, shoppings e têxtil, principalmente nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
Ao todo, o Brasil alcançou 18,8 GW de potência instalada de cogeração em setembro, dos quais apenas 17% vêm do gás natural. O maior potencial, no momento, está na cogeração a partir de biomassa, notadamente o bagaço da cana-de-açúcar, com 11,6 GW.
A expectativa é que mais empresas se interessem pela solução — que consiste na produção combinada de diferentes formas de energia, geralmente, calor e eletricidade por um único combustível —, a partir da liberalização do mercado de gás natural e do fim do monopólio da Petrobras como fornecedor único do energético.
“Vislumbramos uma perspectiva de novos fornecedores de gás, mais competitivos. Os movimentos que o Brasil está fazendo agora são importantes, eles dão início à competição, que traz economia”, defende o presidente executivo da Cogen, Newton Duarte.
A abertura do mercado atualmente está em discussão por meio do PL 6.407, aprovado na Câmara dos Deputados no começo de setembro. De acordo com Duarte, desde 2018, o crescimento da cogeração no país somou apenas 2 MW, devido, principalmente, ao alto custo da molécula de gás.
O gerente da Promon, Dino Miozzo Neto, avalia que a instabilidade econômica nos últimos anos também dificultou o interesse do mercado pela cogeração. O executivo destaca, no entanto, que o aumento da eficiência dos equipamentos e esforços de grandes fabricantes de nacionalizarem atividades para compensar o aumento do preço do dólar também podem estimular o setor nos próximos anos.
“A decisão de instalar uma cogeração não é simples, é multidisciplinar, e precisa de uma visão sistêmica importante, porque é um capital intensivo que não se paga em um ano. A beleza da cogeração é que ela varia muito de caso a caso, dependendo do preço do gás, do custo evitado de energia, entre outros”, diz. “Tudo passa por uma análise bem criteriosa”, explica.
Fonte: Valor Online
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