Comgás tem primeira mulher na Diretoria de Operações, liderando um time com mais de 500 pessoas
Não é segredo que a presença feminina ainda seja minoritária no setor de infraestrutura. A boa notícia é que esse panorama gradualmente vem mudando, mesmo em territórios que antes eram exclusivamente masculinos: os cargos de liderança em áreas técnicas, operacionais e até mesmo jurídicas.
Esse cenário também vem acontecendo nas companhias de gás canalizado. Um dos exemplos mais emblemáticos é a Companhia de Gás de São Paulo (Comgás). Na maior distribuidora do País, a Diretoria de Operações e Serviços tem o comando de Carla Sautchuk, a primeira mulher nessa função na história da companhia, que se aproxima dos 150 anos.
Formada em Engenheira Civil pela Universidade de São Paulo (Poli-USP), Carla desde cedo enfrentou desafios. Era uma das 10 em uma turma de 200 alunos. Recebeu seu primeiro não em uma entrevista de estágio: o recrutador partiu do pressuposto que aquela vaga exigia atividades que só poderiam ser executadas por homens. “Hoje esse profissional é meu colega e me respeita muito. Brinco com ele dizendo: olha o que você perdeu! Eu traria bons resultados”, conta Carla.
Sua habilidade em criar soluções aplicáveis ao negócio a levou a ser convidada, em 2014, para integrar o time e assumir a gerência-executiva de desenvolvimento e inovação. “A proposta da Comgás me pegou de surpresa e a princípio me intimidou, mas pensei: o que eu não posso realizar em uma grande companhia como a Comgás?”, conta ela.
Ela não se considera uma típica engenheira. “Tenho tendência a ser mais generalista do que especialista, além do olhar voltado para as pessoas. Sempre gostei de inovação e de focar a aplicação na prática. Meu desejo é sempre o de implantar projetos que tenham alto teor transformacional”, explica.
Em 2017 foi convidada a assumir a gerência-executiva de engenharia da Comgás. “Esse foi um grande desafio pois me deu a oportunidade de ver com mais detalhes a amplitude de temas que eu poderia desenvolver, unindo um olhar de tecnologia, processos e inovação tecnológica”.
Além disso, deparou-se com um tema-chave em uma empresa de gás: a segurança operacional. “Essa é uma bandeira que carrego comigo e pretendo deixar um grande legado”, diz Carla, referindo-se à necessidade de aculturar e influenciar pessoas, empresas e sociedade numa visão de gestão de risco.
O reconhecimento chegou em forma de convite: a cadeira de Diretora de Operações e Serviços de uma empresa que hoje conta com mais 2 milhões de clientes.
Carla lidera um time de mais de 500 pessoas. A engenheira considera que é preciso trabalhar a autoconfiança, para a mulher não perder sua essência. Por ter enfrentado muitos desafios em um ambiente majoritariamente masculino, acredita ter desenvolvido meios para ser ouvida, e estratégias para se posicionar.
Um aprendizado, diz ela, é que a mulher não precisa deixar de ser quem ela é para se adequar a uma função. “Posso ser a única mulher do ambiente, mas não deixo de ter minha sensibilidade e sentimentos, e não deixo de demonstrá-los por medo de ser interpretada como mais fraca”, explica.
O que ela mais gosta é de ser desafiada. E, principalmente. de trabalhar com pessoas de diferentes perfis, culturas e formações. “Quando vejo propósito, me engajo de corpo e alma. Por isso, procuro trazer as pessoas para se engajarem junto comigo”, completa.
A Comgás tem outras duas diretoras: Elisangela Ferreira Martins (Pessoas e Cultura) e Milena Brito (Segurança, Engenharia e Suprimentos). Mas outro ponto relevante é a presença de mulher no Conselho de Administração da Companhia, Maria Rita de Carvalho Drummond, que acumula o comando da Diretoria Jurídica da Cosan.
Bahiagás: reconhecimento às mulheres
Outra mulher em cargo com essa dimensão é Gabriela Duarte. Ela ocupa uma das três cadeiras da diretoria Executiva da Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás) e responde pela Diretoria Técnica e Comercial.
“Comecei minha vida profissional na Petrobras em 2001, na recém criada Diretoria de Gás, e atuei na área comercial tanto diretamente com as Companhias Distribuidoras de Gás como na negociação do gás da Bolívia”, relata.
“No ano de 2014 fui convidada a migrar para o setor de distribuição em função de aposentadoria do colega que estava à frente da Diretoria Técnica e Comercial. Em função desta experiência, quando situação similar de aposentadoria aconteceu na Bahiagás em julho de 2017, fui novamente convocada para essa nova missão. Uma grande honra”, exclama.
Segundo ela, mesmo numericamente em desvantagem, a concessionária conta com várias mulheres que são fonte diária de inspiração. “Na Bahiagás, sem dúvida, o respeito e reconhecimento às colaborações trazidas pelas mulheres – pela junção entre a formação necessária e o olhar feminino – no ambiente de negócios cresceu muito nos últimos anos”, destaca Gabriela.
Segundo ela, a pluralidade no ambiente corporativo traz uma maior conexão entre a empresa e o ambiente formado por clientes, o mercado em geral, a cidade, o estado e, finalmente, o mundo.
“A conexão entre o que acontece dentro da empresa com o que acontece fora é importante para a sustentabilidade dos negócios em médio e longo prazos”, observa.
No Rio de Janeiro, a Naturgy do Brasil tem quatro mulheres na diretoria. Uma delas é Christiane Delart, diretora de Gestão de Rede. As demais respondem pela Diretoria Comercial (Bianca Mascaro), Diretoria de Serviços Jurídicos (Bruna Guimarães de Souza) e Diretoria de Recursos (Daniele Conrado).
Em três concessionárias, a função de Diretora Administrativa e Financeira tem a condução de mulheres: Bernadete Martins Rangel, na Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul (MSGÁS); Taciana Danzi, na Companhia Paraibana de Gás (PBGÁS); e Eliana de Menezes Bandeira, na Companhia Potiguar de Gás (Potigás).
No interior paulista, a GasBrasiliano conta com a experiência de Thais Yamane, gerente de Mercado Urbano e Veicular. Ela é formada em Administração pelo Centro Universitário Central Paulista (Unicep) e em Gestão Comercial, Contratos e Desenvolvimento do Mercado Urbano na Universidade Petrobras.
Apaixonada pelo trabalho, Thais está na empresa desde 2006 e foi uma das primeiras mulheres a atuar na linha de frente do gás natural no Noroeste do estado, participando de questões técnicas e comerciais que ajudaram a companhia a chegar à marca de mais de 33 mil clientes atendidos.
Outra mulher em posição de liderança na GasBrasiliano é a gerente jurídica Liana Costa e Campos. Funcionária concursada da Petrobras, Liana foi convidada para assumir o cargo em 2011. Além de comandar o departamento jurídico, também exerceu a gestão dos processos de governança.
Sou a primeira gerente do sexo feminino em toda a história da GasBrasiliano. No começo enfrentei certa resistência por ser um ambiente extremamente masculino. Mas hoje não percebo mais isso. Tenho a confiança de todos e consegui mostrar que o jurídico é um parceiro e não um empecilho. O advogado empresarial é um viabilizador jurídico de negócios”, afirma.
Liana diz que um momento marcante em sua carreira foi quando a equipe da gerência de projetos de engenharia a chamou para participar da decisão do melhor local para a instalação e novos dutos. “Quando um departamento técnico chama o jurídico para participar das decisões é porque entendeu que estamos aqui para ajudar e mostrar o melhor caminho para que aquele projeto seja viabilizado e não tenha problemas futuros.”
Na Companhia de Gás do Ceará (Cegás), mais da metade dos cargos de gerência tem gestão feminina. São 7 entre os 13 gerentes, incluindo funções como as áreas comercial, jurídica, administrativa, financeira, de planejamento, de recursos humanos e de licitações, contratos e suprimentos.
Fonte: Comunicação ABEGÁS