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Alta do gás pode abalar transição verde na UE

O aumento sem precedentes nos preços do gás natural e da energia está forçando seu caminho até a agenda política da União Europeia (UE), após dominar uma reunião dos Estados-membros sobre a ambiciosa transição do bloco para a economia verde.

Ministros da maioria das 27 nações da região, da Suécia à Grécia, demonstraram preocupação ontem, numa reunião na Eslovênia, com os preços da energia, que têm atingido altas históricas. Eles disparam no momento em que as economias do bloco se recuperam da pandemia da covid-19, o que pode desacelerar as discussões políticas sobre a estratégia da UE para transformar a neutralidade climática em realidade.

A crise energética deverá der adicionada à agenda quando os líderes da UE se reunirem para uma cúpula em 21 e 22 de outubro, depois que vários países, liderados pela Espanha, pressionaram por ela, segundo disse uma autoridade da UE a par do assunto. Romênia, Itália, Polônia e Hungria também solicitaram a discussão do tema na ocasião, segundo uma autoridade da Comissão Europeia.

“Estamos olhando para medidas temporárias e específicas de curto prazo, que protegerão nossos consumidores europeus de alguns dos piores aumentos de preços”, disse à Bloomberg Eamon Ryan, ministro da Energia e do Transporte da Irlanda. “Acho que houve um amplo acordo hoje (ontem) que precisa estar no centro do debate para evitar a perda na crença da mudança transformadora maior que precisamos fazer”.

A Comissão Europeia, o braço executivo da UE, anunciará nas próximas semanas uma visão geral das medidas que os Estados-membros poderão tomar para enfrentar a crise energética, disse Kadri Simson, comissária de Energia. Sob as leis do bloco, a Comissão tem poderes limitados na área de energia, que permanece em grande parte nas mãos dos governos nacionais.

“Pedimos à Comissão da UE que inicie discussões aprofundadas sobre as causas que levaram ao aumento dos preços da energia, tanto da eletricidade quanto do gás, e que identifique as soluções apropriadas no âmbito da UE”, disse no Facebook o ministro da Energia da Romênia, Virgil Popescu.

Na reunião na Eslovênia, os ministros deveriam discutir projetos de lei propostos pela Comissão Europeia para aumentar a parcela das energias renováveis e a economia do setor energético como parte de uma meta mais rígida de redução das emissões até 2030.

Eles levantaram as questões da volatilidade dos preços e o impacto da disparada dos custos da energia sobre o apoio público à mudança limpa, disse uma fonte que testemunhou as discussões. Alguns se mostraram preocupados com as consequências sociais da proposta da União Europeia de estender o mercado de carbono da região para os combustíveis fósseis usados no transporte e edifícios, segundo a fonte.

Nesta semana, a Espanha alertou a Comissão Europeia de que a crise energética poderá prejudicar o apoio público ao Acordo Verde, que visa tornar a Europa o primeiro continente neutro em emissão de carbono até 2050. Num documento que pretende desencadear uma discussão mais ampla na UE, a Espanha sugeriu a criação de uma plataforma central para a compra de gás natural. Isso aumentaria o poder de barganha da UE e limitaria sua dependência de fornecedores como a Rússia.

Ontem, a Polônia pediu à Comissão que analise a suspeita de manipulação do mercado pela exportadora russa de gás Gazprom, segundo outra fonte. A Polônia também quer que a UE use sua regra de triagem de investimentos externos para verificar se o polêmico gasoduto Nord Stream 2 está de acordo com normas do bloco.

 

Fonte: Valor Econômico

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