Distribuidora de gás canalizado no noroeste paulista, a GasBrasiliano está avançando com a aposta no biometano, energético que passou a entrar no radar das indústrias pelo apelo sustentável e por custos competitivos.
A companhia acaba de assinar o primeiro contrato para entrega de biometano com a Liane, produtora de biscoitos e massas instalada em Presidente Prudente (SP). O fornecimento será viabilizado através de uma parceria costurada com a usina Cocal, em Narandiba (SP), para a construção do primeiro sistema exclusivo de biometano do país.
A Cocal produzirá o biometano através do processamento da vinhaça e torta de filtro, resíduos da cana-de-açúcar, enquanto a GasBrasiliano ficará responsável pela construção de 65 quilômetros de gasodutos para a distribuição do energético na região. Ao todo, serão investidos R$ 180 milhões, sendo R$ 30 milhões na rede de distribuição e R$ 150 milhões na planta de biometano.
Alex Gasparetto, diretor-presidente da GasBrasiliano, afirma que o modelo tem potencial para ser replicado para outros municípios de sua área de concessão. “Estamos negociando com outros potenciais clientes. Temos diversos polos de consumo de gás que podem ser atendidos com biometano e que hoje estão distantes das redes de distribuição ou do sistema de transporte de gás natural”, afirma.
Combustível “verde”, o biometano tem potencial para crescer sobretudo no interior do país, pouco atendido pela malha de gasodutos, que está concentrada na costa.
“Levar gás até Presidente Prudente partindo do Gasbol [Gasoduto Bolívia-Brasil] demandaria 120 quilômetros de rede, e com o projeto de biometano conseguimos atender a demanda local com 65 quilômetros. É mais eficiente do ponto de vista econômico, de investimentos, aproveitar esse potencial de produção que está hoje localizado nas usinas sucroalcooleiras”, disse.
O início de fornecimento para a Liane está previsto para julho de 2022. Do lado da indústria alimentícia, a meta é atingir 40% de sua matriz em bioenergia. “Traçamos uma meta de zerar a emissão de poluentes até 2025. Hoje a indústria utiliza como fonte de energia o gás GLP para os fornos de biscoitos, óleo BPF para as caldeiras, energia fotovoltaica no setor administrativo e energia elétrica em alguns setores”, explicou, em nota, Maurício Calvo, diretor da Liane.
Para além da parceria com a Cocal, a GasBrasiliano já estuda outros quatro projetos com sucroalcooleiras que poderiam produzir e fornecer o biometano. Estão no radar projetos envolvendo “sistema isolado”, conectando a usina diretamente à unidade consumidora de gás, e modelos em que as usinas se conectariam à rede de distribuição da empresa.
Já na ponta do gás natural, a GasBrasiliano também está trabalhando na diversificação de seu portfólio de suprimento – hoje, sua principal fornecedora é a Petrobras. Neste ano, organizou uma chamada pública junto a outras distribuidoras para contratação de gás de médio prazo. Seis potenciais supridores estão em fase de negociação.
“Estamos estimulando a abertura do mercado de gás, mas vemos ainda uma certa dificuldade, com indefinições regulatórias associadas ao transporte”, avalia Gasparetto.
Desde o início de suas operações, em 2003, a GasBrasiliano investiu mais de R$ 550 milhões na construção de mais de 1.170 quilômetros de rede de distribuição. Entre 2021 e 2025, a perspectiva é investir cerca de R$ 200 milhões, ampliando o total de clientes atendidos de 35 mil para 50 mil clientes.
Fonte: Valor Econômico