O biogás poderia suprir pouco mais de um terço da demanda nacional de eletricidade, na avaliação da Abiogás. A entidade estima que o biogás poderia atender a 35% do consumo nacional de energia, num momento em que a oferta ainda demanda atenção por causa dos níveis de armazenamento dos reservatórios.
Parte desse biocombustível poderia ser ofertado pelo setor sucroenergético. De acordo com a gerente executiva da Abiogás, Tamar Roitman, o potencial de produção do biogás proveniente do segmento é de 57,6 milhões de m³/dia, volume que, se fosse totalmente direcionado para a geração termelétrica, poderia gerar 166,9 TWh, ou 35% dos 475,6 TWh atualmente consumidos.
Essa produção viria de rejeitos não aproveitáveis, como a vinhaça, a torta de filtro e 50% da palha da cana colhida, elevando a oferta de subprodutos de uma indústria que já tem o etanol (anidro e hidratado), o açúcar e a geração de energia elétrica como principais produtos – e fonte de receita.
Para a executiva, que participou de webinar realizado no mês passado em conjunto pela Cogen e pela Unica, o potencial desta bioenergia poderia ser mais bem aproveitado, especialmente na geração elétrica, quando se compara com outras formas de obtenção do insumo.
A proteína animal tem um potencial de 38,9 milhões de m³/dia; a produção agrícola, de 18,2 milhões de m³/dia; e o saneamento, de 6,1 milhões de m³/dia.
Além disso, afirma Tamar, na equivalência com o óleo diesel, o gás renovável poderia suprir 70% da demanda, uma vez que a produção equivaleria a 39,8 bilhões de litros de diesel por ano – 118 milhões de m³/dia de biometano.
Já se comparado ao consumo de gás, o biometano poderia suprir 4,5 vezes a demanda total, chegando ao equivalente a 34,4 bilhões de quilos por ano de gás liquefeito do petróleo (GLP), por exemplo.
“Apesar de ter etanol e biodiesel, o setor de transportes ainda tem uma dificuldade grande de descarbonização”, disse Tamar.
Produção
Atualmente, a produção de biogás é de 2,2 bilhões de m³, que são produzidas por 675 usinas. No ano passado, foram acrescentadas à produção, 148 novas usinas, o que corresponde a um aumento de 22% em relação a 2019.
O presidente da Cogen, Newton Duarte, vê o biogás como um agente promotor da interiorização da distribuição de gás natural. Cerca de dois terços da produção nacional de etanol (e por consequência, dos rejeitos que podem gerar o biogás, especialmente a vinhaça) está localizada na região Centro-Sul, especialmente em São Paulo.
“Não precisa fazer as grandes avenidas para depois desenvolver as ruas. O biogás terá um papel enorme para atingir os 2 milhões de quilômetros de gasodutos que os EUA têm. E o biogás será o nascedouro disto”, afirmou Duarte.
Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Unica, ressaltou que, de janeiro a outubro, a geração de energia elétrica para a rede, com o biogás advindo da produção agroindustrial, cresceu 200%, quando comparado com o mesmo período do ano passado.
“Imagino se tivéssemos 400 usinas produzindo energia. Este é um potencial que, de fato, pode sair do papel”, disse Souza.
Diferentemente de outros países, que possuem culturas dedicadas à produção do biogás, o Brasil obtém o insumo por meio das matérias orgânicas, via rejeitos de esgoto público e resíduos sólidos urbanos, ressaltou Tamar.
Fonte: EnergiaHoje
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