Na busca por energias renováveis, o grupo francês Tereos, terceiro maior produtor de açúcar no Brasil, está iniciando a produção de energia através da utilização do biogás. A Tereos Açúcar & Energia Brasil colocou em operação sua primeira usina de biogás no país que utiliza como matéria-prima a vinhaça, resíduo da destilação do etanol. A usina está localizada na unidade de Cruz Alta, em Olímpia, a 420 quilômetros de São Paulo.
A usina vai fornecer energia a pelo menos 80 estabelecimentos comerciais, entre bares e comércio, através de geração compartilhada, neste primeiro momento. Eles já começaram a ser abastecidos neste mês de setembro. Mas o objetivo é produzir nesta usina o biometano para substituir, até 2026, o diesel como combustível da frota de pelo menos 150 caminhões canavieiros.
O investimento na usina foi de R$ 15 milhões e novas plantas estão previstas. A Tereos Brasil já possui uma usina de biogás menor na unidade de processamento de mandioca e milho, na cidade de Palmital, em São Paulo, com produção de biogás a partir dos resíduos desses produtos.
A nova planta tem capacidade instalada de 1 MW, com potencial de duplicar o volume de energia gerada no médio prazo. A nova usina tem potencial para produzir por ano 3 milhões de metros cúbicos de biogás e 1,5 milhão de metros cúbicos de biometano. A composição do biogás tem entre 50% a 60% de biometano.
Toda a energia produzida no empreendimento já está contratada. A Tereos tem parceria com a Lemon Energia, uma startup que conecta geradores de energia sustentável a pequenas e médias empresas. A economia na conta de luz, na ponta dos consumidores, pode chegar a 30%, dependendo da localização do estabelecimento e da bandeira tarifária, segundo a Lemon. Em média, o desconto fica entre 15% e 25%.
A produção de biogás no Brasil tem potencial para chegar a 120 milhões de metros cúbicos por dia, segundo a ABiogás. Mas o Brasil produz atualmente apenas 4 milhões de metros cúbicos por dia. A expectativa da ABiogás é que até 2030 o país possa atingir a produção de 30 milhões de metros cúbicos por dia, com investimentos privados de R$ 60 bilhões nesse período, diz Tamar Roitman, gerente executiva da entidade.
“O Brasil tem um potencial enorme na geração de biogás a partir de resíduos que são desperdiçados. Hoje, boa parte dessa matéria-prima é descartada em aterros sanitários em vez de se transformar em energia ou combustível, substituindo o diesel”, diz Roitman.
O biogás pode ser produzido a partir de resíduos como palha de milho, cana ou soja. A vinhaça, resíduo da cana de açúcar que será utilizado pela Tereos, também é matéria prima para o biogás. Além disso, dejetos de animais como bovinos e suínos, resíduos agrícolas, além de esgoto sanitário (sólidos e líquidos) também podem se transformar em biogás através do processo de biodigestão anaeróbica.
Segundo a gerente executiva da ABiogás, essa fonte de energia está pronta para ser desbravada, já que o país tem tecnologia, empresas com capacidade de investimento e potencial para ajudar setores a se descarbonizar, dentro da agenda ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança). “Para o agro, por exemplo, além de aproveitar resíduos descartados, será possível obter a carne descarbonizada, sem emissão de gases de efeito estufa”, afirma, Roitman.
Fonte: O Globo
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