Num cenário em que a redução das emissões de gases de efeito estufa é uma demanda crescente do mercado e da sociedade, operadores logísticos estão engajados em uma série de iniciativas para incorporar às suas operações boas práticas de governança ambiental, social e corporativa (ESG, na sigla em inglês). A reformulação de rotas para diminuir percursos, o compartilhamento da carga e a substituição de combustíveis fósseis estão entre as prioridades para reduzir o impacto ambiental.
“A diversidade na matriz energética da indústria automobilística é cada vez mais estratégica para que o transporte rodoviário de carga tenha mais opções de caminhões com diferentes fontes, sem comprometer a segurança e a eficiência da operação”, afirma Marcella Cunha, diretora-executiva da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol).
Os operadores preveem que, nos próximos quatro a cinco anos, vão eletrificar 100% da frota leve, adotar caminhões movidos a gás natural veicular (GNV) e ampliar o número de armazéns e galpões com placas fotovoltaicas.
Segundo Pedro Moreira, presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), para acelerar a migração para novas fontes energéticas, é necessário preparar a infraestrutura que comporte o abastecimento de veículos elétricos com uma rede mais desenvolvida de recargas de baterias, além de mais postos com opção de GNV. “Neste período de transição a alternativa é o uso do gás natural veicular, biogás e biometano”, diz Moreira.
A Dow, fabricante de produtos químicos, plásticos e agropecuários, comprometeu-se a reduzir as emissões líquidas anuais de carbono em 5 milhões de toneladas métricas, comparado a 2020, com diminuição de 15% até 2030 e com a meta de chegar a 2050 neutra em carbono. “Para reduzir emissões de gases de efeito estufa, investimos na otimização das rotas e do consumo de combustíveis, priorizamos energia mais limpa para o transporte de materiais e selecionamos fornecedores que compartilham essas iniciativas de redução do impacto ambiental”, afirma Ronaldo Gewehr, diretor de logística para a Dow na América Latina.
A companhia move em torno de 1 milhão de toneladas de produtos todos os anos. Cerca de 78% desse volume é movimentado por modal rodoviário e os outros 22% são transportados pelo modal marítimo. “Estamos trabalhando com transportadoras rodoviárias para aumentar a capacidade de caminhões para entregas locais, reduzindo o número de veículos em trânsito, e aumentamos em 10% a carga de caminhões-tanque para produtos de poliuretanos, diminuindo o número total de viagens necessárias em um ano para atender a mesma demanda do produto”, explica Gewehr.
Em 2022, a Dow fez uma parceria com a Ambipar – multinacional brasileira de gestão ambiental e fornecedora de serviços logísticos por meio da Ambipar Logistics – para integrar o projeto Corredor Sustentável. A iniciativa prevê a mudança da matriz energética de sua frota de caminhões para fontes mais limpas com a inclusão, em larga escala, de veículos movidos a gás natural comprimido (GNC).
“A parceria prevê inserir novos veículos ano a ano, considerando a dinâmica do mercado e os custos de aquisição, para ter até 2040 100% da frota composta por veículos com combustíveis renováveis”, ressalta Gewehr. Em uma primeira etapa são usados dez caminhões movidos a GNC no transporte entre a Dow e seus clientes em Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
“O projeto no transporte de produtos químicos tem potencial de redução de 1.150 toneladas de CO2 equivalente por ano e estudamos também a inserção de veículos elétricos para rotas de curta distância”, diz o executivo.
O processo de substituição da frota logística não é rápido e depende do engajamento dos fornecedores. “Além de investimentos em infraestrutura para os veículos elétricos na diversificação de modais de transporte, é necessário fazer uma transição para combustíveis alternativos que sejam competitivos financeiramente, como o gás natural e o biometano”, diz o diretor da Dow.
Fonte: Valor Online
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