A oferta de novos tipos de contratos de gás natural pela Petrobras é vista com bons olhos pelas distribuidoras de gás canalizado. As concessionárias ainda aguardam a petroleira colocar as propostas nas mesas de negociação, mas se nutrem da promessa de preços mais competitivos por parte da estatal.
E esperam que as novas condições comerciais da Petrobras pressionem para baixo também os preços dos concorrentes, nas chamadas públicas em andamento.
Isso porque, como agente dominante, a Petrobras funciona como um importante precificador do mercado, estabelecendo as condições de base para os demais supridores.
“Um posicionamento como esse movimenta todos os agentes. A Petrobras é price maker no mercado. Uma nota como essa [o anúncio dos novos produtos de contratação] já alerta, para outros agentes, que é preciso se posicionar melhor nas chamadas públicas das distribuidoras”, disse o diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, Marcelo Mendonça.
A Petrobras lançou esta semana novos produtos de fornecimento de gás, de olho nas chamadas públicas das distribuidoras – mas também em oportunidades no mercado livre. A ideia é oferecer mais flexibilidade e preços mais competitivos aos clientes.
A empresa vai passar a oferecer dez tipos de contrato, baseados em dois indicadores diferentes (Brent e Henry Hub) e cinco opções de prazo de suprimento: quatro, cinco, sete, nove e onze anos.
Até então, a companhia trabalhava apenas com contratos de cinco e nove anos de validade. E, apesar de já ter oferecido no passado opções atreladas ao Henry Hub, na prática só possui hoje acordos vinculados ao preço do petróleo.
“Mas não adianta ter dez tipos de produto, o que interessa é o preço. Novos produtos são sempre bem-vindos, vemos com bons olhos o esforço da Petrobras, mas isso tem que se estender para o preço final”, ressalvou o presidente de uma distribuidora do Centro-Sul, ainda bastante dependente da Petrobras.
O diretor-presidente da Bahiagás e presidente do Conselho de Administração da Abegás, Luiz Gavazza, relata que as distribuidoras ainda aguardam a Petrobras apresentar suas propostas. Segundo ele, a percepção entre as companhias do setor é de que há espaço para que a petroleira ofereça preços mais competitivos, diante da expectativa de aumento da oferta – a começar pela entrada em operação do Rota 3, em 2024.
Gavazza reforça a visão de que o posicionamento comercial da estatal contaminará as negociações com os demais supridores.
“Nosso mercado aberto ainda está em um processo de consolidação, a Petrobras é quem mais produz, quem mais movimenta os gasodutos de transporte, quem mais importa, é uma referência para o mercado. As demais [empresas] vão levar em consideração as relações que a Petrobras tem com seus clientes”, disse.
Fonte: Epbr
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