Um melhor aproveitamento de aterros sanitários com infraestrutura para produção de biometano poderia fazer com que o combustível suprisse 5% da demanda nacional por gás natural, aponta levantamento da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, se todas as cidades do País que contam com mais de 320 mil habitantes destinassem seus resíduos para aterros com planta de biometano, a produção diária poderia chegar a 2,86 milhões de Nm³ por dia, um volume 525,45% superior à capacidade atual autorizada. Atualmente, a capacidade de produção nacional de biometano nas seis plantas localizadas em aterros sanitários corresponde 457,2 mil Nm³/dia, o que equivale à 0,3% da demanda nacional por gás natural, segundo informações da ANP para setembro. Outras sete plantas estão em processo de autorização para entrar em operação. “Em um momento em que se busca alternativas financeiramente viáveis e acessíveis para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa, responsáveis pelas mudanças climáticas, não faz sentido que um grande potencial de geração de biometano seja desperdiçado com os resíduos despejados nos 3 mil lixões espalhados pelo Brasil, em vez de ser destinados aos aterros sanitários com plantas de biometano”, avalia o presidente da Abrema, Pedro Maranhão. Com a entrada em operação dessas unidades de produção de biometano a partir de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), a capacidade de produção nacional crescerá 581,6 mil Nm³/dia, totalizando aproximadamente 1,1 milhão de Nm³/dia, podendo, assim, atender cerca de 1,9% da demanda de consumo nacional de gás natural.
De acordo com o levantamento, que tem como base o ano de 2023, o Brasil produziu 80,96 milhões de toneladas de resíduos no ano passado. Em média, cada brasileiro descartou cerca de 382 quilos de materiais no período. O volume é um pouco maior que o registrado em 2022, quando foram descartados 380 quilos per capita. Também no ano passado, cerca de 69,3 milhões de toneladas de resíduos foram encaminhadas para disposição final, seja a ambientalmente adequada em aterros sanitários, ou inadequada, como aterros controlados e lixões. O volume corresponde a 85,6% do montante gerado. Deste total, pouco mais de 40,5 milhões de toneladas de resíduos foram enviadas para aterros sanitários, o que representa 58,5% do total. Outros 41%, ou 28,7 milhões de toneladas foram para lixões, aterros irregulares, valas, terrenos baldios e córregos urbanos mesmo diante da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que estipulou que desde 2 de agosto de 2024 nenhum lixão deveria estar ativo no Brasil. Por fim, cerca de 161 mil toneladas foram enterradas na propriedade do gerador.
Fonte: Broadcast / Ag.Estado
Related Posts
MME aprova incentivo fiscal para projeto de biometano em Pernambuco
O MME aprovou o enquadramento, no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi), da planta de biometano do aterro sanitário de Igarassú, em Pernambuco. O aterro tem...
Projeto do biometano é apresentado em Presidente Prudente
Presidente Prudente pode ser a primeira cidade 100% sustentável do Brasil. Esta é a missão que foi apresentada pela Necta Gás Natural, responsável pelo projeto de expansão da rede de distribuição de...