O presidente da Fiesp, Josué Gomes, disse que o setor industrial pede ao governo uma política sustentável de acesso a preços mais competitivos para o gás natural no Brasil, e não a concessão de subsídios ou benefícios. O pleito, segundo ele, encontra respaldo no MME, que promete aumentar a oferta de gás a preços competitivos — e que tenta viabilizar um leilão do gás da União para clientes industriais. “Tenho certeza de que as propostas do ministério e o que nós pedimos são, de fato, sustentáveis, ou seja, nós não estamos pedindo subsídios, nós não estamos pedindo nada que não tenha longevidade e sustentabilidade”, afirmou Gomes, no discurso de abertura do seminário sobre o programa Gás Para Empregar, promovido pela Fiesp e que contou com a participação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD). omes citou que o preço do gás no Brasil, hoje, compromete a competitividade da indústria nacional. Os segmentos petroquímico, de vidro e de pisos cerâmicos estão entre os prejudicados, segundo ele. “São inúmeros os setores da indústria paulista que carecem de um gás natural mais competitivo. Infelizmente temos hoje um gás natural de US$ 14, US$ 16 o milhão de BTU, enquanto muitos países oferecem gás a US$ 3, US$ o milhão de BTU”, comentou. Gomes pontuou, ainda, que o acesso às reservas de gás não-convencional da Argentina pode ajudar a aumentar a competitividade do mercado brasileiro. “E, obviamente, a América Latina é rica em gás. O Brasil tem muito gás no pré-sal, a Argentina tem o gás das reservas da Vaca Morta e podemos trazer esse gás para o Brasil”, disse.
Indústria mira leilão de gás da União
As indústrias são base de apoio do governo no programa Gás para Empregar, que promete aumentar a oferta de gás natural a preços mais competitivos para o setor. O MME trabalha para colocar de pé o leilão de gás natural da União e, assim, oferecer às indústrias uma molécula mais barata. É a grande aposta do governo para entregar uma das promessas do programa Gás para Empregar, de injetar gás mais barato no mercado. O governo estima ser possível que esse gás chegue à indústria entre US$ 7 e US$ 8 o milhão de BTU, ou seja, menos da metade do preço do gás pago pelo consumidor industrial, de US$ 16 o milhão de BTU. O ministro Alexandre Silveira (PSD) admitiu que o leilão pode atrasar e ficar para o primeiro semestre de 2026. Os custos atuais de acesso às infraestruturas de escoamento e processamento operadas pela Petrobras são os principais entraves para que a PPSA avance com o certame e Silveira voltou a cobrar da petroleira a redução desses custos. O MME se escora na nota técnica final recém-publicada pela EPE, com os estudos sobre a remuneração justa e adequada das infraestruturas de escoamento (SIE) e processamento (SIP), para pressionar pela renegociação das condições de acesso da PPSA aos ativos. A EPE estima que os custos de acesso a essas infraestruturas possam ser reduzidos para cerca de US$ 2,2 o milhão de BTU. Para efeitos de comparação, os estudos técnicos do Gás para Empregar estimaram em 2023 que o custo de acesso ao SIE/SIP, controlado pela Petrobras, totaliza US$ 6,4 o milhão de BTU – uma estimativa construída a partir de oitivas com agentes do setor.
Petrobras diz que ampliar oferta é o caminho
Presente no mesmo evento, o gerente-executivo de Gás e Energia da Petrobras, Álvaro Tupiassu, defendeu que a companhia precisa de estabilidade jurídico-regulatória para avançar com seus novos projetos. E argumentou que o aumento de oferta de gás nacional é o caminho sustentável para melhorar a competitividade da molécula no mercado. “O que queremos é ampliar a oferta. Porque esse é o fundamento sustentável para trazer gás cada vez mais competitivo. Fazer acontecer e fazer depois permanecer continuamente viável, sem que você precise depois ficar dando algum subsídio ou jeito”, afirmou.
Fonte: Eixos
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