Segundo o CEO da Ultragaz, Tabajara Bertelli, o aumento esperado na demanda de GLP, com o início do programa a Gás do Povo, deve ser suprido, essencialmente, por volumes importados, em especial dos Estados Unidos. Ele cita que a Petrobras, o principal supridor do mercado, tem ampliado a sua produção interna de GLP e ajudará a equilibrar o abastecimento, mas que o Brasil já é importador líquido – compra, do mercado externo, entre 20% e 25% de seus volumes. “Então todo o botijão adicional, provavelmente, será vindo de uma importação que deverá acontecer”. Bertelli destaca que o Brasil já possui, hoje, uma capacidade ociosa de importação. Ele acredita os EUA devem se manter como principal fonte de importação do produto, sobretudo no Nordeste, onde o déficit é maior. “Os Estados Unidos são o grande supridor do mundo… E tem muita disponibilidade de molécula, é um mercado bastante líquido, o que é bom”, disse. Também é necessária a apresentação do contrato de adesão ao programa, a ser assinado pelas revendas, e do termo de compromisso com as distribuidoras, para garantir os esforços para a oferta na maioria dos municípios do país.
Reforma da regulação
Em relação às discussões sobre a reforma regulatória do setor de GLP, em debate na ANP, Bandeira de Mello defendeu que é importante que esse debate esteja em harmonia às políticas públicas do governo. O Sindigás critica sobretudo a proposta da ANP de permitir o enchimento do botijão por marcas diferentes. “Tem um antagonismo entre a medida apresentada em debate pela ANP, pelo menos a questão da utilização de marcas por qualquer um, e a necessidade de investimento em cilindros. Como é que eu faço a decisão de comprar 500 mil cilindros, se em março pode sair uma nova regulação de qualquer um pode usar?”, apontou.
Impacto do programa variará de regionalmente
Bertelli destaca que cada região, no Brasil, possui uma realidade própria de abastecimento. E a dinâmica de mercado, com o Gás do Povo, deve variar de mercado para mercado. “Acho que o grande desafio vai ser a questão regional… Provavelmente não vai acontecer um efeito em volume igual em todas as regiões. Talvez uma região sofra um movimento pequeno ali, muito discreto em relação ao patamar histórico e outras têm um impacto maior”. O governo federal lançou este mês o Gás do Povo — programa substituto do atual vale-gás — e promete garantir botijões de 13 quilos gratuitos a famílias de baixa renda em todo o país. O benefício vai contemplar 15,5 milhões de famílias, alcançando aproximadamente 50 milhões de brasileiros. A cobertura é quase três vezes superior à do atual vale-gás (o Auxílio Gás). O botijão será fornecido diretamente em revendas credenciadas, sem pagamento no momento da retirada.
Fonte: Eixos / Liquid Gas Week
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