Com o atraso na licitação do projeto, Petrobras lança gasoduto de transferência que abastecerá UPGN do Comperj com gás não tratado de Cabiúnas.
Apesar do atraso na licitação do Rota 3, que irá transportar gás natural do pré-sal da Bacia de Santos para o Comperj, a UPGN do complexo refino-petroquímico não precisará esperar pela produção das áreas da cessão onerosa para começar a operar. A unidade poderá dar a partida com o energético oriundo do polo de Cabiúnas, em Macaé.
Em dezembro, a Petrobras conseguiu a autorização da ANP para construir um gasoduto de transferência que abastecerá a futura UPGN com gás não tratado, proveniente do Gasduc II. Com a licença de instalação já assegurada, a petroleira aguarda apenas o aval da agência para iniciar a construção do empreendimento, batizado de Guapimirim-Comperj I.
De acordo com o cronograma da Petrobras, o duto deverá ficar pronto em cerca de um ano, tempo suficiente para garantir o fornecimento das primeiras cargas à planta de processamento do Comperj – prevista para ser entregue em 2016 pelo consórcio construtor, formado por Queiroz Galvão, Iesa e Tecna. Já a entrega do Rota 3, cujo projeto está sendo reavaliado após o cancelamento da licitação original, foi transferida para o final de 2017.
O Guapimirim-Comperj I terá capacidade para movimentar entre 3 milhões e 7 milhões de m3/dia. Com 11 km de extensão e 16” de diâmetro de aço- carbono, o empreendimento atravessará os municípios de Guapimirim, Cachoeiras de Macacu e Itaboraí, onde o duto cortará 1,5 km da área interna do Comperj e se conectará ao ponto de entrega exclusivo do complexo petroquímico.
As cerca de 1.000 t de tubos necessárias para a construção do gasoduto já foram contratadas e serão fornecidas pela Tubos Soldados Atlântico (TSA). Já a licitação para construção e montagem ainda estava em andamento até o fechamento desta edição de Brasil Energia Petróleo & Gás.
O projeto contempla ainda a instalação de um lançador e um recebedor de pigs na interligação com o Gasduc II. E para não comprometer a operação deste gasoduto durante a intervenção, a Petrobras construirá três derivações.
Mudanças no conceito
Originalmente, o Comperj foi projetado para receber gás natural já processado. Em 2008 a Petrobras chegou a dar entrada no processo de licenciamento de um gasoduto de transporte que supriria o complexo com o gás oriundo do Gasduc III.
Com a mudança conceitual do projeto do Comperj, que se consolidou como uma rota de escoamento do pré-sal de Santos e passou de importador para exportador de gás, a Petrobras desistiu desse duto, garantido sob o regime de autorização. Para escoar o futuro gás tratado no Comperj, a petroleira sugeriu ao MME a construção do gasoduto de transporte Itaboraí-Guapimirim, com traçado semelhante ao do projeto cancelado, mas concebido para operar no fluxo contrário.
O pedido da companhia foi acatado pelo ministério. O MME já confirmou o duto sugerido como um dos integrantes da primeira versão do Plano de Expansão da Malha Dutoviária de Transporte (Pemat), que ainda não tem data para ser lançado. A expectativa, no entanto, é que o projeto seja o primeiro gasoduto licitado sob o regime de concessão.
O Itaboraí-Guapimirim também terá apenas 11 km de extensão e conectará a futura UPGN do Comperj ao Gasduc III. A capacidade dimensionada para o projeto é de 17 milhões de m3/dia de gás natural. O cronograma apresentado pelo MME prevê que o gasoduto comece a operar em janeiro de 2016.
A ANP deverá elaborar o edital de chamada pública e promovê-la, diretamente, para contratação de capacidade de transporte do gasoduto. A agência, contudo, ainda aguarda a definição do gasoduto de referência por parte do ministério.
Fonte: Revista Brasil Energia Óleo e Gás
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