Em diversos momentos, durante a minha vida profissional, senti preconceito por parte de agentes externos. Infelizmente, parte da sociedade (alguns homens e até mesmo mulheres) relacionam as mulheres a fraqueza, a menor instrução educacional e a submissão.
Mesmo tendo passado por experiências ruins no passado, percebo que nos últimos anos essas situações têm se tornado mais raras. É claro que ainda temos muito a evoluir, mas na minha percepção estamos no caminho certo. Nesse tipo de situação, quando percebermos qualquer sinal de preconceito, é importante mantermos uma postura ética e firme.
No meu dia a dia, na Compagas, eu me sinto muito confortável em tratar dos mais variados assuntos com meus pares e diretores. No ambiente externo ainda percebo uma certa resistência ou até mesmo uma tentativa de sobreposição, mas sigo firme o propósito de representar os interesses da companhia, independente das adversidades.
Quando ingressei na Compagas, através de concurso público, em 2014, estava acostumada a trabalhar com gestoras mulheres e quando cheguei à companhia me deparei com um cenário predominantemente masculino. Mas isso não foi um problema. Na verdade, trabalhar com os gestores da companhia foi um grande aprendizado.
Ao longo desses anos, a Compagas investiu na minha formação e capacitação, o que demonstra a preocupação da empresa com o fomento à diversidade e à equidade de gêneros no ambiente corporativo.
Comecei como secretária executiva e, em seguida, fui nomeada assessora da Diretoria Executiva, passando, principalmente a partir de 2019, a ser inserida em projetos de grande relevância para a companhia, o que me colocou em contato com os mais variados assuntos da organização, proporcionando grande crescimento profissional.
Hoje, sou Gerente de Governança, Risco e Compliance e isso representa uma grande conquista, até porque desde a criação da área, em 2013, a gerência foi ocupada por homens na maior parte do tempo. Minha antecessora foi a primeira mulher a ocupar a função e me sinto muito feliz em ser a segunda na posição.
Apesar da melhora nos últimos anos, as estatísticas ainda apontam a desigualdade entre os gêneros no ambiente corporativo. No entanto, é nítido o esforço conjunto da sociedade para que essa situação deixe de existir. O grande desafio está no acesso à educação e na garantia dos direitos básicos a todos.
E investir no autodesenvolvimento faz parte da minha trajetória. Comecei minha vida profissional cedo.
Nasci em São Paulo, onde morei até os 16 anos de idade. Em 2002, com medo da violência crescente, minha família decidiu se mudar de Osasco, Região Metropolitana de São Paulo, para a cidade natal da minha mãe, Maringá, no Norte do Paraná. Considerando a mudança de cidade e as dificuldades dos meus pais em se estabelecerem economicamente, resolvi, aos 17 anos, buscar o meu primeiro emprego.
A independência financeira possibilitou que eu pudesse ter acesso à um cursinho pré-vestibular e em 2006 fui aprovada na Universidade Estadual de Maringá, que hoje ocupa o ranking de quinta melhor universidade estadual do Brasil – instituição na qual tive a oportunidade de lecionar durante quatro anos, no curso de Secretariado Executivo Trilíngue.
Hoje, aos 34 anos, pós-graduada em Comunicação Organizacional e Negócios e em Planejamento e Gestão de Negócios, e liderando a equipe que atua com os processos de governança corporativa, sinto muita gratidão por todas as empresas pelas quais passei e pelas pessoas com as quais convivi, em especial aos alunos do secretariado, que colaboraram direta e indiretamente para a construção da minha vida profissional.
E vejo grandes perspectivas para seguir crescendo. O mercado nacional de gás é um ambiente em constante evolução, com discussões estimulantes sobre o desenvolvimento do setor.
A quem tem dúvidas sobre ingressar ou não no setor, digo que os desafios são muitos, mas o importante é ter plena consciência de seus valores e objetivos.
Uma frase do William Durant, Fundador da General Motors marcou muito a minha vida e deixo ela aqui como inspiração às mulheres: “Somos o que fazemos repetidamente. Excelência não é um ato, mas sim um hábito.”
* Amanda Vitoriano Queiroz, 34 anos, é pós-graduada em Comunicação Organizacional e Negócios pelo Centro Universidade Cesumar – Unicesumar e em Planejamento e Gestão de Negócios pela FAE Business School.