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Produtoras de biometano refinam estratégias para crescer e faturar mais

A crescente demanda pela descarbonização de operações empresariais elevou a presença do biometano na matriz energética. O movimento leva companhias do setor a elaborar estratégias para faturar e crescer mais. As produtoras de biometano querem avançar com a forte demanda de produtos verdes por parte de empresas que precisam cumprir metas de menor emissão de carbono, deixando de lado o uso de combustíveis fósseis.

Projeção da Abiogás indica produção de 6,6 milhões de metros cúbicos por dia (m3 /dia) de biometano em 2030. As empresas apontam capacidade instalada atual de 413 mil m3 /dia, com perspectiva de avanço. Quimicamente, o biometano em nada difere do gás natural fóssil. O principal componente é o metano, mas a diferença é a origem. O gás não renovável é extraído das reservas terrestres ou marítimas, associado ou não ao petróleo. O biometano é o biogás obtido pela decomposição de matéria orgânica, processado para atender ao nível mínimo de pureza fixada pela ANP, de 95%, para injeção em redes de distribuição de gás canalizado.

Hoje, os aterros sanitários são responsáveis pela produção de maior parte do biometano ofertado. Porém, produtoras buscam outras rotas tecnológicas ou pretendem otimizar a captação do biogás nos aterros. A GNR Fortaleza, dona do aterro sanitário de Cauaia (CE), contabiliza produção de 2 milhões de metros cúbicos (m3) por mês e enxerga potencial para processar mais de 1,5 milhão de m3 por mês em outros aterros da empresa, afirma Hugo Nery, presidente da Marquise Ambiental. “Os aterros sanitários têm muito potencial para aumentar o crescimento do mercado de biometano no Brasil e estamos olhando atentamente para novas oportunidades para replicar o modelo de sucesso que temos” disse Nery.

A Multilixo, empresa parceria da ZEG Biogás em uma planta em Jambeiro (SP), pretende aumentar a produção de biogás em 20% na unidade, que atende a clientes do Vale do Paraíba, segundo Lucas Urias, gerente de novos negócios da empresa. Outras formas de produção estão no radar do segmento. A presidente da MDC Energia, Manuela Kayath, destacou que a empresa estuda a biodigestão de outras biomassas, como resíduos agropecuários. A MDC produz o biometano a partir do aterro sanitário gerido pela Marquise Ambiental no Ceará. “Há uma oportunidade grande neste momento. Os donos da biomassa na agropecuária estão buscando essa fonte adicional de receita, proporcionando gestão de resíduos e economia circular”, disse Kayath.

Uma das vantagens do biometano apregoadas pelas empresas é a sustentabilidade ambiental. Tal característica abre espaço para aumento de receita com venda de créditos de carbono, certificados de descarbonização (CBios, no âmbito do programa RenovaBio) e de certificados de gás renovável (Gas-Rec). A MDC é a primeira no país a comercializar Gas-Rec para clientes que não podem contar com o biometano e precisam cumprir metas de redução de emissões.

Também podem negociar o chamado carbono verde, que é o CO2 separado no processo de purificação do biometano. O gás carbônico é o segundo principal componente do biogás, com volume entre 30% e 45%. No processo, o CO2 tende a ser queimado, via geração de energia, ou lançado direto na atmosfera. Agora, esse CO2 pode ser tratado, purificado e comercializado para indústrias como de bebidas gaseificadas, garantindo mais uma receita para os produtores. Controlada pela Urca Energia, a Gás Verde é uma das principais atuantes no segmento, com produção da ordem de 140 mil m3 /dia de biometano e meta de chegar em 2026 com 580 mil m3 /dia. A empresa tem sob licenciamento, na usina localizada no aterro sanitário de Seropédica (RJ), uma unidade que trata o CO2 para vender a indústrias alimentícias, químicas e de fertilizantes. Com perspectiva de iniciar operação em 2024, a usina terá capacidade de produzir 100 toneladas por dia de CO2 verde, conta Marcel Jorand, presidente da Gás Verde.

Esse também pode ser o caminho para da ZEG Biogás, que agora prioriza desenvolver a produção de biometano. Com projeto que utiliza a própria produção de biogás para gerar a energia elétrica que atende à planta em Jambeiro, a ZEG Biogás mira atender primeiro à forte demanda pelo insumo. “Está no’ roadmap’ da ZEG Biogás, é um modelo de negócios que queremos desenvolver”, disse Daniel Rossi, presidente do conselho de administração da companhia.

A empresa planeja aportar R$ 2 bilhões em cinco anos em novos investimentos e parcerias. Para Tamar Roitman, gerente-executiva da Abiogás, a evolução dos investimentos em biometano passa por melhoria na infraestrutura de gás, licenciamento ambiental mais ágil e concessão de incentivos econômicos. Marcelo Mendonça, diretor técnico-comercial da Abegás, lista dois exemplos de uso do biometano, nas redes da Cegás (CE) e mais recentemente, da Necta (ex-GasBrasiliano, SP) de como é possível concretizar o maior uso do insumo.

Fonte: Valor Econômico

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