Os investimentos das distribuidoras de gás canalizado nos próximos cinco anos no Brasil devem superar R$ 10 bilhões (US$ 1,9bi), estima Marcelo Mendonça, presidente executivo da Abegás.
Ele pontuou que a distribuição de gás canalizado no Brasil é um setor em crescimento e que o consumo no segmento residencial ainda tem baixa penetração, com aproximadamente 5% de participação de mercado.
“Em países vizinhos, como Colômbia e Argentina, essa participação é de 65% e 59%, respectivamente, então há espaço para mais investimento”, disse à BNamericas.
Entre 2019 e 2024, a extensão da rede de distribuição no Brasil aumentou cerca de 22%, passando de 36.429km para 44.620km. A expectativa da Abegás é que o ritmo de expansão siga nessa média, podendo variar de 3% a 5% ao ano, acima da média de crescimento do PIB nacional.
Para Mendonça, todas as regiões brasileiras têm grande potencial de crescimento, especialmente se forem adotadas políticas públicas que estimulem o uso de gás natural e biometano em frotas pesadas de veículos.
Entre os destaques estão estados como São Paulo e Espírito Santo, atendidos pela Comgás/Necta e ESGás, respectivamente, que passaram por recentes aprovações de novos ciclos tarifários para os próximos cinco anos.
O executivo citou investimentos em infraestrutura no Paraná, onde a Compagas abastecerá os municípios de Londrina e Cambé; os planos da Necta no noroeste de São Paulo, que deve construir rede em São José do Rio Preto; e os da Gasmig em Minas Gerais, com a recente inauguração da linha tronco do Gasoduto Centro-Oeste.
Há ainda o Gás Sudoeste, projeto da Bahiagás que ligará Jequié e outros nove municípios baianos; o gasoduto Gás Sal, da Potigás, que levará gás natural ao município de Areia Branca para abastecer a região salineira do Rio Grande do Norte; e o projeto estruturante da Cegás para levar gás à região do Cariri, no Ceará.
Mendonça destacou também as obras da Cigás em Manaus, no Amazonas, para o gasoduto que atenderá à usina termelétrica Manaus 1 e para diversificar sua atuação para os segmentos residencial e comercial, além da inauguração de um novo sistema de distribuição no Distrito Industrial de Cuiabá, em Mato Grosso, pela MTGás.
Outros exemplos incluem os investimentos da Naturgy em infraestrutura para o projeto “Corredores Sustentáveis” nas rodovias entre Rio e São Paulo; os da Copergás para levar gás a um polo gesseiro em Arapirina, em Pernambuco; e os da Sulgás (do grupo Cosan) para conectar uma planta de biometano no Rio Grande do Sul.
“As distribuidoras estão muito engajadas em identificar oportunidades para incrementar a infraestrutura”, afirmou Mendonça.
Transformação estrutural
Um estudo da Abegás realizado em parceria com a Quantum e a Commit aponta que o setor de distribuição de gás canalizado no Brasil passa por uma transformação estrutural: a rede cresceu de aproximadamente 4.000km em 1999 para mais de 45.000km em 2024, expansão superior a 1.000%.
O crescimento do mercado de gás natural, contudo, não tem sido acompanhado pelos demais elos da cadeia, como produção e transporte.
“Ainda há gargalos na oferta e na infraestrutura de transporte, o que impede um maior aproveitamento do gás e a recuperação da demanda reprimida na indústria”, alertou Mendonça.
A pesquisa mostra que a diversificação de mercado, incluindo os segmentos residencial, comercial e transporte pesado, é crucial para a modicidade tarifária e para reduzir a exposição a variações econômicas de um único segmento.
“Estados com maior diversificação, como Rio de Janeiro e São Paulo, sofrem menos impacto da variação de outros segmentos, como o industrial. A diversificação permite a economia de escopo e a diluição de custos”, explicou o diretor econômico-regulatório da Abegás, Marcos Lopomo.
Leilões
Na avaliação da Abegás, a contratação de térmicas por meio de leilões de reserva de capacidade (LRCAP) deve garantir um percentual de inflexibilidade, ajudando a preservar de forma mais estável os níveis dos reservatórios hidrelétricos. A associação defende que as térmicas a gás sejam conectadas à rede de distribuição, garantindo que a movimentação da molécula seja feita pelas concessionárias, impedindo o bypass e resguardando a harmonização regulatória do setor. “Isso é importante, inclusive, para a modicidade tarifária e o equilíbrio econômico-financeiro das concessões”, argumentou Mendonça.
Fonte: BNAmericas
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