Nilce Cals: Gerente de Planejamento da Cegás
Ingressei na Companhia de Gás do Ceará (Cegás) em 2007 na área de Planejamento, após anos de experiência de Orçamento e Planejamento em outras companhias do Estado.
Mesmo com o fato deste ambiente historicamente ter um perfil masculino, encarei como um novo desafio a fim de quebrar esses paradigmas, tendo sempre a certeza de todo o preparo e o profissionalismo adquiridos ao longo da minha trajetória.
Nasci em Fortaleza (CE) e tive a oportunidade de ter uma sólida base familiar, constituída de cinco irmãos muito unidos. Minha formação educacional foi em colégio religioso, onde obtive bolsa integral por todo o curso, com forte transferência de valores que balizam minha vida pessoal e profissional.
Durante parte do período da graduação atuei como professora primária nessa mesma instituição de ensino. Cursei Economia na Universidade de Fortaleza, identificando-me com a área, iniciando minha atuação como estagiária na Secretária de Educação do Município de Fortaleza, no setor de Planejamento, sendo contratada como Economista, após a conclusão do curso, devido a avaliação dos meus então gestores.
Posteriormente, atuei como assessora do Diretor Financeiro, por 18 anos, na Companhia de Energia do Estado do Ceará. Trabalhei ainda na Secretaria de Infraestrutura do Estado do Ceará e na Companhia de Gestão de Recursos Hídricos, nesta como Chefe de Gabinete da Presidência.
Na Cegás, fui contratada para assumir a então Coordenadoria de Planejamento, hoje Gerência. Ao longo dos anos fomos assumindo novos papeis e desafios que me proporcionaram importantes conhecimentos e desenvolvimento profissional.
A Cegás tem apresentado um crescimento marcante nos últimos anos. Isso é fruto do comprometimento e da competência de toda a gestão e colaboradores da Companhia. Ainda temos muito a avançar.
Ao longo desses 14 anos venho tendo a oportunidade de participar de importantes projetos como a chegada do gás natural em novos municípios e a distribuição de Gás Natural Renovável (GNR) — um marco ambiental importante para a empresa e para minha vida profissional e pessoal.
Conforme nossa visão de futuro e em alinhamento com as estratégias estabelecidas, expandiremos para o interior e ampliaremos a oferta de GNR com o aproveitamento do biogás em aterros sanitários presentes em algumas regiões, contribuindo para o desenvolvimento do Estado do Ceará, o que me deixa orgulhosa e entusiasmada com o futuro da nossa empresa.
Tenho muito orgulho de pertencer a um grupo de mulheres competentes que gerenciam a Cegás com muita maestria. Todas as mulheres que fazem parte da Cegás, aliás, nas suas mais diversas áreas, desenvolvem suas atividades com muita competência, comprometimento e eficiência, fundamentais para o crescimento da Companhia.
Ao longo da minha carreira, sempre me posicionei de forma firme de modo a não perceber nenhum tipo de preconceito explicito. Devido à minha experiência e segurança profissional, sinto-me acolhida e reconhecida por todos aqueles com quem me relaciono, tanto o público externo como interno. Entretanto, sabemos que as mulheres sofrem diversos tipos de preconceitos e assédios. Com certeza, ainda há em diversos ambientes muito preconceito quanto a competência e a capacidade das mulheres no desenvolvimento de seu papel profissional, muito em decorrência da herança machista da sociedade.
Tenho 66 anos e, embora o mercado esteja em constante mudança, um profissional com meu perfil traz na bagagem uma grande experiência que muito contribui para formação de novos profissionais, ao mesmo tempo que somos renovados nessa troca de conhecimentos.
E às jovens que estejam dando seus primeiros passos na vida profissional, diria que nunca desistam do seu sonho. Lutem para alcançar seus objetivos e seus ideais, pois uma mulher é sempre uma guerreira, exercendo vários papeis na sociedade com grande competência e excelência. Independente da área de atuação podemos observar que a cada dia as mulheres vêm se destacando e firmando seu lugar na sociedade.
Sinto-me muito honrada em fazer parte da história dessa Companhia em que pude contribuir para solidez e reconhecimento no mercado além do compromisso com seus clientes e meio ambiente.
Estar na Cegás é uma grande conquista.
*Nilce Cals, 66 anos, é formada em Economia na Universidade de Fortaleza, com vasta formação e experiência na área de Orçamento e Planejamento.
Tábata Larissa Schütz dos Santos: Técnica de Gás Natural da SCGÁS
Sou natural de Cruz Alta (RS), mas morei boa parte da vida em Santa Maria (RS), onde fiz o Técnico em
Mecânica integrado ao ensino médio, que é o que me possibilitou estar na Companhia de Gás de Santa Catarina (SCGAS).
Quando me inscrevi no concurso da empresa, vi enfim a oportunidade de aplicar os meus conhecimentos.
Afinal foram anos de muita dedicação para ser uma profissional habilitada aos 18 anos. Quando decidi prestar o concurso público, foram meses de estudos e abdicação de vida social, que resultaram no primeiro lugar dentre uma grande lista de inscritos, a grande maioria de homens.
Com certeza, estar nesse emprego é a minha maior conquista até hoje.
Entrei na SCGAS como Técnica de Gás Natural, em fevereiro de 2020 na área de Operação e Manutenção, a chamada linha de frente. Na companhia, sou a única mulher na Coordenadoria de Operações do Vale do Itajaí (COPVI).
É, sim, uma área com perfil masculino e eu já imaginava que seria assim. Mas isso nunca foi um problema, visto que desde o 1º ano no ensino médio minha convivência vem sendo majoritariamente com colegas masculinos.
Ao longo deste pouco mais de um ano, não tenho reclamações a fazer, nem tive divergências de gênero. E isso é incrível. Aliás, tive uma equipe que me acolheu super bem e que entende meus limites físicos.
Na minha função, demanda-se uma resistência física considerável, seja pelo levantamento de equipamentos, seja por suportar muitas horas de pé exposta ao sol/frio no acompanhamento de obras, dentre outras atividades que podem ser consideradas mais “fáceis de lidar” pelos homens. E é gratificante chegar no fim do dia e ter aguentado firme essas adversidades e, sobretudo, haver realizado um bom trabalho como pessoa, indiferente de gênero. O melhor é perceber que a equipe valoriza a minha dedicação em fazer o trabalho bem-feito.
Antes de entrar na SCGÁS eu já vinha me preparando mentalmente para possíveis embates, eventuais comentários machistas e outros problemas com os quais muitas mulheres convivem no dia a dia. E ficava imaginando como deveria reagir a isso em um ambiente de trabalho, como me portar, assuntos para evitar etc. Esse preparo psicológico e físico, somado a uma equipe madura, gerou um ambiente muito agradável para mim. Gostaria que outras mulheres, em outras empresas, pudessem usufruir diariamente de um ambiente tão respeitoso.
Em toda a Gerência de Operação e Manutenção, somos apenas duas técnicas lotadas em cidades diferentes e sempre que podemos, trocamos ideias, experiências e dificuldades. Quando tive a oportunidade de conhecer as demais colaboradoras, vi muitas mulheres nas mais diversas áreas, desenvolvendo atividades e cargos de chefia e sendo reconhecidas por isso. É o que me inspira todos os dias, saber que estamos juntas e somos respeitadas, mesmo sem o convívio próximo. Para mim, essa conversa com outras mulheres é extremamente importante, pois aprendemos a evitar dificuldades, damos e recebemos conselhos e alertamos sobre atitudes que não devem ser passadas em branco.
Como entrei na empresa logo no início da pandemia, ainda não tive oportunidade de participar de projetos com outras áreas, Mas como nossas atividades de campo são muito específicas, é gratificante, por exemplo, finalizar obras complexas com sucesso e sem expor a comunidade a nenhum tipo de risco. A operação e a manutenção têm disso, a tua exposição, a dos teus colegas, da população no entorno, a produção dos clientes que estão consumindo o gás natural e não podem parar… Você vive aquela intensidade de manter tudo sob controle, de preservar vidas e realizar um excelente trabalho.
No relacionamento externo, a maior dificuldade que vejo é transparecer a mesma capacidade e ser escutada até a conclusão, sem uma interrupção masculina. Vejo que muitas vezes preciso me dedicar e me impor muito mais para ser escutada. Não é fácil, mas eu acredito que o segredo é a resignação e não aceitar essa situação, buscar meu espaço e respeito todos os dias, dando meu melhor e pontuando situações que não podem se repetir.
Vejo que isso está mudando nos últimos anos, mas há muito ainda a melhorar. Os desafios são inúmeros: machismo, importunação sexual, desrespeito ou menosprezo de opiniões femininas…
Sei que outras mulheres vivem situações constrangedoras no ambiente de trabalho e fora dele. Além disso, há ainda o desconhecimento e falta de apoio de outras mulheres, que por não verem acontecer, podem não apoiar certas causas.
Felizmente, tive pouquíssimas situações inconvenientes devido à “armadura” que criei ao longo desses anos. Até para me proteger, eu não me exponho e procuro deixar minha vida pessoal bem separada da profissional. Até me contenho em piadas e comentários, porque nunca sabemos como somos interpretadas e o quanto pode prejudicar nossa reputação. É um fardo diário que aprendi a carregar para me resguardar tanto na vida pessoal quanto profissional.
Acredito que, com relação ao mercado de trabalho, é necessário sim que as empresas invistam em um ambiente de trabalho igualitário, promovendo palestras ou apresentações sobre comportamento, sobre reconhecimento para todos, não só para homens com as mulheres e vice-versa, mas também de as mulheres escutarem, entenderem e apoiarem as demais.
Desde que entrei na empresa, a SCGAS está atuando no projeto de maior pacote de obras e eu acredito muito nele. É claro que isso demanda esforço de todos os setores, mas, sendo do setor de operação, eu consigo ver cada novo cliente recebendo o gás natural em seu estabelecimento ou residência, o que torna muito gratificante ver que esse projeto está fluindo tão bem. Além disso, a SCGAS possui muitos projetos internos que melhoram e fortalecem as equipes, tanto tecnicamente quanto na questão de desenvolvimento pessoal, que acaba impactando no desenvolvimento da empresa também.
Minha mensagem para quem está na faculdade é se fortalecer e investir no autodesenvolvimento. Independente da área, temos embates diários, situações que nem sempre vão se resolver fácil. Piadas e outras inconveniências irão acontecer, mas o melhor que podemos fazer é preparar-se e mostrar que temos capacidade e conhecimento mais que suficiente. E que não é uma capacidade de suportar peso menor que vai nos impedir de fazer um trabalho bem-feito.
Posso dar o meu exemplo. Tenho muito orgulho de onde estou e quero continuar evoluindo e aprendendo – estou terminando a graduação de Engenharia Mecânica.
Sou filha única e muito do que sou devo aos meus pais, que sempre me incentivaram, não importasse o caminho eu escolhesse profissionalmente.
O apoio deles é tudo para mim.
*Tábata Larissa Schütz dos Santos, 26 anos, é técnica em Mecânica pelo Colégio Técnico Industrial de Santa Maria e cursa Engenharia Mecânica na Universidade de Blumenau
Thaís de Melo Cunha: Gerente Comercial da Cegás
Acredito que seja uma das mais jovens mulheres a assumir uma função em nível de gerência no setor de gás canalizado.
Tenho 26 anos. Em 2017, ingressei na Companhia de Gás do Ceará (Cegás) como Analista Técnica de Engenharia no setor comercial. Em 2018, após 10 meses de atividade, fui convidada pela Diretoria para assumir a Gerência Comercial da Cegás.
Vejo essa promoção, quando ainda tinha 23 anos, como uma grande conquista pessoal. Eu me identifico muito com a minha área e minha expectativa é evoluir com a companhia. A Cegás tem atingido resultados nunca alcançados e o que mais me entusiasma é saber que tenho participação nisso.
Sou formada em Engenharia Civil. Eu me interessava bastante pela atividade de gás canalizado desde os tempos da faculdade em Fortaleza. E não seria o fato deste ambiente historicamente ter mais homens que mulheres que diminuiria meu interesse, sobretudo no âmbito profissional.
A Cegás tem muitas mulheres em níveis gerenciais, o que talvez seja um indicativo de que as mulheres estejam ocupando mais espaço no setor. No entanto, acredito, sim, que exista no País um certo preconceito com relação a mulheres em cargos de liderança.
No meu caso, já percebi algum preconceito velado, sobretudo no início de algumas reuniões com pessoas externas que não me conhecem. E isso somente é sanado quando esses interlocutores percebem que eu tenho domínio do assunto e que sei o que estou falando.
Não tenho dúvidas de que a sociedade tem muito a avançar quanto ao reconhecimento de mulheres no mercado de trabalho. Se fosse uma corrida, não seria errado dizer que o homem sempre parte na frente. É como se a mulher tivesse o ônus da prova de mostrar que é uma boa profissional enquanto o homem começa essa corrida sendo visto de antemão como um bom profissional.
Na minha visão, ser homem ou mulher ou ter 20 ou 60 anos não é o que faz o bom profissional, mais sim suas características profissionais propriamente ditas.
Existem profissionais muito bons de diversas faixas etárias. O que vale é o comprometimento, a determinação e a força da vontade.
E o reconhecimento ao meu trabalho, mesmo sendo tão jovem, diz mais sobre a profissional que se doa e se dedica para atingir as metas traçadas pela empresa do que sobre a faixa etária em que estou inserida ou sobre o meu gênero.
Thaís de Melo Cunha é formada em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará.
Idelmar Brandão: Gestora de Contratos e Relacionamentos da Cigás
Felizmente, nunca passei por nenhuma situação que me diminuísse como mulher-profissional. Acredito que somos iguais e que a igualdade agrega valor e diversidade.
É verdade que o segmento de gás natural tem um perfil historicamente mais masculino. Porém, minha adaptação ao setor não foi difícil quando cheguei à Cigás (Companhia de Gás do Amazonas), em junho de 2011. Já acumulava uma experiência de 18 anos no segmento industrial e meus olhos, na época, se voltaram para a oportunidade de experimentar o novo e crescer junto.
Fui contratada para trabalhar no Serviço de Atendimento ao Cliente da Companhia (SAC), onde fiquei por oito anos e, passado esse período, estou há dois anos exercendo a função de Gestora de Contratos e Relacionamentos, atuando no pós-venda dos segmentos comercial e residencial.
Acredito que, em um ambiente corporativo, em que todas as pessoas conseguem se sentir aceitas e respeitadas, ganha-se mais produtividade e a capacidade de dialogar melhor. Mas é preciso compreender que, para trabalhar as relações de respeito dentro das empresas e nas políticas públicas, é essencial colocar as mulheres para dentro deste contexto.
É necessário começar explicando ao setor corporativo os benefícios da equidade de gênero. As empresas precisam entender que essa é uma pauta importante não só pela questão da justiça social, mas também por causa do diferencial competitivo.
Na Cigás, existe respeito mútuo entre os colegas de trabalho, chefia e parceiros externos. Todos sabem da importância do bom relacionamento profissional entre homens e mulheres que fazem parte do time. E é muito bom contar com a contribuição da equipe.
Vejo de uma forma positiva o crescimento do setor e acredito na expansão dos segmentos comercial e residencial. Na medida em que a Companhia cresce, seus desafios aumentam, suas ferramentas se aprimoram. No momento, um projeto importante para a Cigás, que está diretamente ligado as minhas atividades, é o Customer Relationship Management (CRM). Antes, entre os projetos realizados nesses 10 anos de operação comercial da Cigás, destaco a certificação da companhia no Sistema de Gestão Integrado, que engloba as ISO’s 9001 e 14001. É uma satisfação fazer parte da Gestão do Varejo e trabalhar com pessoas e com clientes satisfeitos.
Sinto-me muito feliz em fazer parte de uma concessionária que está entre as primeiras do ranking nacional em volume de gás comercializado e celebrou 10 anos de operação em dezembro do ano passado.
Acredito que estar na Cigás represente uma conquista para quem, como eu, desde a infância, foi ensinada a traçar o caminho justo e correto para alcançar os objetivos.
Sou nascida e criada em Manaus, em uma família amorosa e unida, que me ajudou muito em meu desenvolvimento. Em me formei em Administração com ênfase em Marketing. Quando concluí a graduação, meu filho mais velho estava com 17 anos e minha filha caçula tinha 10 anos. Fui mãe muito jovem e me separei também muito jovem. Precisei cedo a aprender a lidar com a vida materna, dona de casa e profissional. Meus pais foram fortes aliados nesse novo cenário, ao qual eu precisei me adaptar, pois eles cuidavam das crianças para mim.
Meu primeiro emprego foi aos 19 anos, onde permaneci por 12 anos, fui muito feliz e pude aprender muito lá. Comecei como auxiliar de produção, líder de linha, fui promovida para o setor de Planejamento e, então, para o setor Comercial.
O bom de ter passado por vários setores é que pude observar como a Administração funciona nas mais diversas áreas. Posso afirmar que esse conhecimento não somente orientou meu desenvolvimento profissional, mas como Mãe, Mulher e Filha. Tenho muita gratidão a todos que compartilharam minha trajetória.
Para quem está dando os primeiros passos, minha sugestão, em primeiro lugar, é viver o flow (fluxo). Se hoje você está na graduação, comece dando o seu melhor em sala de aula. Observe o mercado e verifique o que ele está pedindo. Não se permita o ócio, a procrastinação.
Devemos construir nosso futuro dia após dia. É melhor preparar-se para uma oportunidade, ainda que tardia, do que a oportunidade aparecer e não estar pronta para ela.
Invista sempre em capital intelectual. Tudo o que você aprende é seu, é seu maior tesouro.
* Idelmar Brandão, 52 anos, é graduada em Administração com ênfase em Marketing pela Faculdade Uninorte.
Rio pode perder 14 mil empregos
Conselho da Agenersa reduziu margem de distribuição em 13% para a Ceg e em 84% para a Ceg Rio.
A Agenersa – Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Rio de Janeiro, em sessão regulatória pública on-line, realizada no dia 10 de março, decidiu as novas tarifas de gás canalizado no Rio de Janeiro, a quarta revisão quinquenal tarifária das concessionárias Ceg e Ceg Rio. Na ocasião, O Conselho Diretor da agência decidiu por reduzir a margem de distribuição em 13% para a Ceg e em 84% para a Ceg Rio.
Segundo especialistas do setor, a decisão da Agenersa significa um grave risco para a continuidade das operações de distribuição no Rio de Janeiro por falta de caixa e capacidade de pagamento de fornecedores e afetará toda a cadeia de valor do gás canalizado. Ainda prejudicará a imagem do país e do Estado do Rio para atrair novos investidores. No fim de abril está prevista a privatização da Cedae, e esse tipo de insegurança jurídica reduz atratividade e valor dos ativos.
A decisão da agência não teria considerado os estudos de consultorias especializadas e as informações técnicas apresentadas pela distribuidora de gás natural do Rio de Janeiro, e nem mesmo considerado grande parte do relatório técnico da Universidade Federal Fluminense (UFF), contratada pela própria agência. Especialistas apontaram equívocos de metodologia e até erros matemáticos na decisão do grupo de trabalho da Agenersa. Ainda cabe recurso administrativo.
A Naturgy previa investir R$1 bilhão até 2023 em reforço e expansão da rede de gás a novas localidades. Segundo especialistas, com essa nova tarifa será impossível manter esses níveis de investimentos por falta de caixa, especialmente no interior do estado, onde a empresa abastece 85 indústrias, mais de 1.600 comércios, cerca de 83 mil clientes residenciais e 128 postos de GNV.
“Em plena pandemia, em um momento econômico tão difícil, a situação pode trazer prejuízos irreversíveis para o Rio de Janeiro e afetar toda a cadeia produtiva que funciona e é bem avaliada pela população, com perda de milhares de empregos. A conta de gás é em geral a mais barata e o serviço, de melhor qualidade. O Sindistal vê com grande preocupação as consequências dessa decisão. Muitas empresas compraram equipamentos e investiram recentemente para fazer frente às novas obras da Naturgy e poderão fechar as portas e ainda não ter como pagar suas dívidas”, diz Evandro Junior, presidente do Sindistal (Sindicato das Indústrias de Instalações Elétricas, Gás, Hidráulicas e Sanitárias do Estado do Rio de Janeiro).
A Naturgy está há 24 anos no estado e gera cerca de 14 mil empregos totais. Nesse tempo, já foram investidos mais de R$ 7,8 bilhões no Rio de Janeiro, com a ampliação do número de municípios atendidos, o aumento de três vezes do tamanho da rede e a modernização de toda a infraestrutura de abastecimento.
Investimentos podem ser paralisados
A decisão da agência reguladora põe em risco os investimentos que a Naturgy já havia anunciado para os próximos anos. Até 2023, a previsão da empresa era que mais R$ 1 bilhão fosse investido no estado para reforço e expansão da rede de gás para novas localidades. Mesmo com a pandemia, só no ano passado a empresa conectou 15 novas indústrias, 800 comércios, 40 mil novos clientes residenciais e fez 140 km de modernização ou novas redes.
Com a decisão da Agenersa, os investimentos terão que ser reavaliados. Entre eles, estão obras para a expansão da rede nos municípios de Cabo Frio, Angra dos Reis, Itaguaí e Mangaratiba, além do abastecimento de importantes indústrias em Seropédica, projeto com a previsão de cerca de R$11,5 milhões a serem investidos.
Procurada, a Naturgy informou que “aguarda a publicação dos votos e das respectivas deliberações da Agenersa no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro para tomar as medidas cabíveis a fim de reverter a situação. A prioridade da empresa é que a prestação de um serviço de qualidade à população não seja interrompida”.
Por outro lado, a Agenersa esclarece que as deliberações que determinam redução das tarifas da Ceg e Ceg Rio – empresas Naturgy – não impactam na ausência de investimentos das concessionárias pois eles também foram aprovados na mesma decisão e estão sendo remunerados nas tarifas. A margem das concessionárias caíram porque os custos não batem com os custos anteriores, além disso, a Ceg e Ceg Rio deixaram de realizar alguns investimentos que estavam previstos e foram remunerados no último ciclo. Ou seja, as empresas receberam, por meio da remuneração das tarifas, valores para realizar investimentos que não foram feitos, por isso precisam devolver dinheiro.
A agência completa dizendo que as duas deliberações foram tomadas com base em critérios técnicos, que teve consultoria externa da Universidade Federal Fluminense (UFF). As deliberações entram em vigor na data da publicação no Diário Oficial do Estado e ainda cabe recurso.
Marja Lemos: Supervisora de Manutenção da Cigás
Tem uma frase conhecida da Angela Davis que diz: “Quando a mulher se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela” e, parafraseando, vejo que quando uma mulher se movimenta, ocupa
espaços, ela modifica toda a estrutura social, abrindo novos caminhos e mostrando para outras mulheres que é possível alcançar posições, anteriormente consideradas pela sociedade como sendo masculinas.
Posso citar o meu exemplo. Estou no mercado de gás há oito anos. Sou engenheira mecânica e economista, com especialização e MBA em Engenharia de Manutenção e Gestão da Produção e Qualidade.
Trabalhar numa empresa de gás canalizado, como a Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), é uma realização profissional muito importante. E também uma oportunidade de quebrar mais um paradigma que se estabeleceu na sociedade, ao longo dos anos. As profissões em Engenharia são vistas, pela grande maioria das pessoas, como masculinas. Embora eu nunca tenha tido essa visão, não podia, nem posso, ignorar os fatos e percebo o quanto é importante para mim e outras mulheres quebrar barreiras impostas pela sociedade.
Podemos e devemos mostrar que somos tão capazes quanto os homens de estar nessa profissão, bem como de assumir funções de liderança, pois a diferença está na capacitação profissional, na experiência no assunto e na vontade de emprestar todo o conhecimento adquirido ao cargo, e não no tom de voz ou estrutura física.
É inegável que preconceitos ainda existem neste meio, tanto quanto em qualquer outro. Quem nunca chegou num canteiro de obra e não encontrou banheiros distintos? Ou olhou ao redor e se identificou como a única mulher no canteiro de obra?
Não posso dizer que, em toda minha trajetória profissional não me deparei com alguns preconceitos e até mesmo os pré-conceitos que eu mesma faço com relação ao ambiente de trabalho, como qual vestimenta utilizar, de que forma devo falar, me comportar ou me posicionar.
No entanto, acredito que a flexibilidade e adaptação aos diferentes ambientes de trabalho para uma vida em comunidade representa a resiliência profissional, claro que sem mudar a nossa própria essência. Penso que não há melhor resposta ao preconceito do que apresentar nossa qualificação, nosso conhecimento sobre determinado assunto e nossa capacidade de sanar problemas.
De uma maneira geral, o maior desafio é tirar as vendas dos olhos daqueles que vivem na escuridão da falta do conhecimento, do esclarecimento e do desinteresse não só por esse, mas por diversos outros assuntos de relevância na sociedade.
Superar esse cenário deve-se tratar de uma ação conjunta: do governo, por meio de leis e políticas de incentivo, valorização e capacitação da mulher; da sociedade de uma forma geral, em reconhecer a mulher como um ser capaz de ocupar diversas posições profissionais, não a limitando ao perfil de pessoa que cuida dos filhos e afazeres domésticos; e das empresas, organizações e instituições, em geral, de fazerem com que as leis sejam de fato cumpridas nos ambientes de trabalho, bem como oferecerem mais oportunidades de trabalho às mulheres, incentivando, também, inclusive em ações, o crescimento e capacitação dentro do ambiente de trabalho.
Na Cigás, importante dizer que o relacionamento entre os colaboradores da companhia é extremamente saudável, baseado no respeito e na comunicação.
Sobre a vinda para a Cigás: com o nascimento da minha primeira filha, eu buscava um emprego mais próximo de casa e com mais qualidade de vida, pois agora não era só eu, eu tinha uma bebê linda me esperando em casa e as horas de deslocamento não ajudavam muito na nova fase.
Com isso, comecei a ver umas vagas no mercado, mandei currículo para um anúncio discreto. Logo em seguida, fui convidada a participar de um processo seletivo, uma sala cheia, vários candidatos para uma única vaga. Um processo estruturado, complexo, avaliação psicológica, testes e entrevistas. Foram momentos de apreensão e a cada fase que eu ia passando, me enchia de motivação para continuar.
Um belo dia recebi a ligação que seria eu a escolhida para ser supervisora de Manutenção, cargo que exerço há três anos. Meu processo admissional e de integração foram excelentes. Eu me senti acolhida, respeitada e percebo que tenho voz ativa no desenvolvimento das minhas atividades. Gosto de fazer parte desse quadro, são muitos profissionais técnicos, um investimento alto em projetos e melhoria contínua.
A admiração pela empresa vem de longo tempo. Acompanhava as obras da Cigás na cidade e admirava a força de trabalho e os projetos pela tecnologia, pela agilidade e complexo da execução desses projetos. Algo que me chamava atenção aqui também é o grande peso para o desenvolvimento econômico e sustentável do Estado, pois a empresa é extremamente preocupada com o meio ambiente, segurança e hoje, comercializa o combustível mais limpo existente.
Nesses anos, na empresa, já participei de muitos projetos com equipes multidisciplinares, em que houve um envolvimento muito grande da Gerência de Operação e Manutenção, Gerência de Tecnologia e Gerência de Segurança. Gosto de me envolver em novos desafios que gerem novas experiências e tragam bons resultados e credibilidade para a companhia.
Um exemplo é o projeto chamado Mitigação, em que desenvolvemos soluções inteligentes para a segurança de redes de linhas internas dos clientes Cigás, agregando a visão de tecnologia, contato com as soluções em QR Code que despertaram as ideias que executamos e melhoramos no projeto do Tachão Inteligente. Um fato que me deixa motivada é que os projetos são desenvolvidos em equipe e fomos vencedores em premiações.
Entendo que, quando uma empresa como a Cigás cresce, todos crescemos, todos ganham, a sociedade ganha em soluções e opções de combustíveis com segurança, qualidade e compromisso socioambiental, o governo ganha com a arrecadação fiscal e tributária, e nós, colaboradores, ganhamos com as políticas de gestão internas, com reconhecimento, com benefícios mais atraentes e principalmente, com desenvolvimento humano e organizacional.
Me motiva saber que hoje estamos saindo de aproximadamente 4,3 mil unidades consumidoras e queremos chegar em 21 mil em alguns anos, quero estar aqui, quero acompanhar esse crescimento e contribuir cada vez mais para essa potência que é a Companhia de Gás do Amazonas.
Para as mulheres que estão em dúvida se vale a pena entrar no setor de gás canalizado, diria que estudem, trabalhem e se capacitem para ser merecedoras do espaço ao qual almejem.
Sou adepta do famoso slogan da campanha presidencial de Barack Obama “Yes, we can”. Portanto, mantenham o foco nos seus sonhos e objetivos. Você quer, você pode, você consegue e ninguém poderá dizer o contrário. Existirão momentos difíceis, mas estejam preparadas para enfrentá-los. Um dia de derrota, tristeza ou desânimo não define você ou a sua trajetória. Chorem o que tiverem que chorar, descansem e no outro dia virem a página, ergam a cabeça e sigam em frente. Deem um passo de cada vez. Reivindiquem, reclamem, denunciem qualquer ato que atente contra os seus direitos. Saibam aproveitar as oportunidades que surgirem, sejam honestas, fiéis aos seus princípios e não se esqueçam daqueles que contribuíram para o seu crescimento.
Vocês sempre vão precisar de alguém. Então, saibam dialogar, criem amigos, pois contatos são importantes. E por fim, saibam vocês onde querem chegar e o que querem fazer, não aceitem ou permitam que alguém decida isso por vocês.
Uma carreira promissora depende do quanto de dedicação nós depositamos nela, deem o primeiro passo, não se apeguem a cargos de gestão, comecem por algum lugar. O conhecimento técnico é necessário e é o fator de sucesso que sustenta qualquer carreira de gestão. Ou seja, comecem de baixo e aproveitem o caminho e as experiências nessa trajetória, pois o que importa são as experiências, momentos e conhecimentos que agregamos nesse percurso, não necessariamente o alvo em si.
Posso dar o meu exemplo. Nasci e fui criada no Rio de Janeiro. Meu pai era militar e trouxe os filhos para Manaus em uma transferência do trabalho. Na época, recebeu uma proposta de comando de unidade. Foi a decisão mais difícil e também a mais importante da minha vida. Aos 14 anos de idade, decidi deixar de morar com minha mãe para morar com meu pai, numa cidade desconhecida por mim. Moro em Manaus, desde 2003 – hoje terra do coração, a cidade que escolhi para viver.
Cheguei à cidade com o sonho de estudar e virar alguém na vida. Filha de pais separados, vivi minha infância e parte da adolescência com minha mãe, uma mulher de pouco estudo que, ainda no ensino médio, casou-se com meu pai. Com a chegada dos filhos, abandonou o estudo e se dedicou à família. Tempos depois, com o fim do relacionamento, ao tentar ingressar no mercado de trabalho, viu as dificuldades de conseguir um bom emprego com pouco estudo. Isso foi peça-chave na minha educação.
A capacitação sempre foi vista pelos meus pais como algo importante e como uma forma digna de mudar de vida. Cresci tendo em mente que seria uma mulher que estudaria, trabalharia e teria minha própria independência. Essa decisão foi primordial para as conquistas que fui adquirindo ao longo da vida, sempre que surgiam medos e inseguranças no caminho, lembrava-me do sacrifício que estava fazendo e cada passo era uma vitória conquistada.
Como dizia minha mãe: “O desenvolvimento profissional é o melhor caminho”. Acredito nisto até hoje.
*Marja Lemos, 32 anos, é engenheira mecânica formada pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e economista pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com especialização e MBA em Engenharia de Manutenção e Gestão da Produção e Qualidade – as duas pelo IPOG.
Elisângela Prestes: Gerente de Regulação da Compagas
Nasci e cresci em Curitiba. Na infância, como a rotina de trabalho da minha mãe era em período integral, aprendi a estudar, organizar, brincar e até cozinhar, tudo ao mesmo tempo!
Considero que essa dinâmica me ajuda demais até hoje. Comecei trabalhar aos 16 anos, num estágio do curso técnico de administração de empresas. Não parei mais. Concluí meu curso de Direito aos 26 anos e estudo continuamente porque é necessário, mas também porque adoro.
Minha história com a Compagas começou em 2003, quando fiz um estágio na companhia, durante a faculdade de Direito. Eu adorava o ambiente interno e o ambiente de negócios, os contratos, os assuntos concorrenciais, as questões de suprimento. Em 2008, fiz o concurso para advogada. Acabei sendo convocada e assumi o cargo em 2012. Sentia que tinha muito a aprender numa empresa que trabalha com energia.
Assumi o cargo de advogada, trabalhando inicialmente com consultoria preventiva em licitações, contratos administrativos, assuntos comerciais, de pessoal etc. Ao longo de oito anos de carreira na companhia assumi as funções de Assessora da Presidência, Gerente Jurídica, Gerente de Governança, Risco e Compliance e, agora, atuo como Gerente de Regulação.
Trabalhar na Compagas, na função atual e nas anteriores, sem dúvida, representa, além da conquista profissional, uma importante conquista como mulher.
Somos quase uma empresa de engenharia, um ambiente bastante masculino, e considero que diversificar esse ambiente com a voz da mulher tem um papel significativo.
De um modo geral, o relacionamento é excelente. Temos um ambiente saudável e respeitoso na companhia. Nos relacionamentos profissionais externos, também não vivi preconceito.
Acredito que, enquanto sociedade, ainda nos restam desafios a serem superados, como as históricas diferenças salariais entre homens e mulheres que ocupam as mesmas posições de trabalho, as dificuldades que as mulheres enfrentam para ascender a postos de trabalho melhor valorizados socialmente, as desigualdades na distribuição dos afazeres domésticos entre os sexos.
O reconhecimento dos homens existe e, às vezes, a única percepção diferenciada em relação ao reconhecimento das mulheres é o tom de desconfiança, seguido de surpresa, que os homens empregam – por vezes, natural e sutilmente – em situações de autonomia, liderança e bons resultados vindos de uma mulher.
Ao longo desses anos na Compagas, participei de muitos projetos desafiadores e com grande satisfação pessoal. São bons exemplos as negociações envolvendo contratos de suprimento, a adequação da companhia à Lei das Estatais e as questões relativas à concessão.
Meus desafios, agora, estão nas discussões para separação/definição dos papéis dos agentes da indústria do gás, visando ao novo mercado. Esses debates têm propiciado às distribuidoras encontrar sua identidade enquanto prestadoras de serviço, profissionalizar os processos, conhecer as operações e priorizá-las, de forma a otimizar o resultado do negócio.
Nesse cenário, me trazem entusiasmo os projetos que visam de algum modo contribuir para o atingimento da perspectiva conjuntural positiva de desenvolvimento do mercado de gás natural no Brasil. Devido ao meu histórico de atuação e à posição que ocupo hoje, o foco está nos desafios da regulação.
O setor de gás está em crescimento e oferece oportunidades. Para as mulheres que estejam no início da vida corporativa e almejem ocupar posições estratégicas, digo que as adversidades que inevitavelmente irão encontrar são mais facilmente superadas quando você se especializa, trabalha duro e está confiante de fazer a sua parte da melhor maneira possível.
* Elisangela Prestes, 41 anos, é formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), com especialização em Direito Civil e Processo Civil pelo Centro de Estudos Jurídicos Prof. Luiz Carlos S. de Oliveira (CEJLC) e MBA em Gestão Estratégica e Econômica dos Negócios (ISAE-FGV). Iniciou sua carreira como advogada, foi Assessora da Presidência, Gerente Jurídica, Gerente de Governança, Risco e Compliance e, agora, atua com os assuntos ligados à regulação.
Gisele Koppe: Gerente Jurídica da Compagas
Até hoje foram bem poucas experiências de preconceito por ser mulher. O preconceito existe, mas
percebo que está cada vez menos presente nas relações profissionais. É nítido que as novas gerações são e estão cada vez menos preconceituosas. No final do dia, o que importa é o trabalho bem feito.
É importante destacar que minha criação familiar foi orientada para que eu me preparasse e encarasse os desafios da vida profissional sem qualquer limitação ou distinção por ser mulher. E assim foi.
Desde a época da faculdade, durante os estágios, sempre tive exemplos inspiradores de mulheres em cargos de chefia, como juízas, chefes de secretaria, procuradoras do trabalho. Recém-formada, trabalhei por seis anos em um escritório de advocacia comandado por duas mulheres, o que me inspirou muito também.
Ingressei na Compagas em 2014 por concurso público. Comecei como advogada e, em 2019, assumi a função de Gerente Jurídica. Ocupar a função de gerência representa uma conquista como mulher, principalmente quando as estatísticas apontam uma desigualdade de gêneros em posições mais altas nos ambientes corporativos.
No entanto, na Compagas não encontrei dificuldades, nem resistências. A função já vinha sendo ocupada por mulheres na Compagas. Minha maior satisfação está em conseguir desenvolver um ambiente profissional agradável e de parceria entre toda a equipe da Gerência Jurídica, onde todos estão preocupados em bem atender os interesses da Compagas e dispostos a colaborar mutuamente.
O relacionamento na companhia é saudável e o mais legal é que existe o reconhecimento de muitos colegas pelo bom desempenho de uma função que exige alta responsabilidade, sem deixar de lado a vida pessoal e a criação de uma filha, que atualmente está com 5 anos.
Independente do reconhecimento pelos demais, o que mais vale a pena é sensação de terminar o dia com a satisfação de dar o nosso melhor, com comprometimento, esforço e responsabilidade com o desempenho da função. Isso faz muito bem.
* Gisele Koppe, 36 anos, é graduada pela Faculdade de Direito de Curitiba e pós-graduada em Direito Privado pela UniBrasil Centro Universitário.
Sandra Paravisi: Arquiteta e Coordenadora de projetos de rede na Gerência de Engenharia da Sulgás
Sou do interior gaúcho. Nasci em uma cidade bem pequena, chamada Tucunduva e cresci em Santo
Ângelo. Estou em Porto Alegre desde a faculdade. Graças à priorização da educação na minha família, tive oportunidade de ingressar em boas escolas.
Na minha carreira, antes mesmo de chegar à Sulgás, percebi preconceito diversas vezes. Inclusive dita com todas as letras em pelo menos duas ocasiões, o que pode ser mais fácil de lidar até, pois abre espaço para a argumentação. Acredito que no momento que as pessoas percebem que a vítima de preconceito pode vir a ser uma filha, a esposa, a mãe, elas começam a refletir mais sobre seu comportamento.
Na Sulgás, os homens ainda são a maioria dos colaboradores, mas as mulheres já entraram em vários ambientes historicamente masculinos. Então, acho que eles já estão se acostumando com nossa presença. Os que não estiverem, certamente serão considerados “fora de moda”.
Não lembro de ter me sentido intimidada em alguma ocasião na Sulgás por ser mulher. As situações que surgiram foram resolvidas. Uma particularidade que ocorreu na minha infância é que tive que estudar por dois anos em classes apenas de meninos. Eu era a única menina.
Hoje, mesmo em situações mais difíceis, entendo que a parceria de vários colegas nos dá o apoio necessário para seguir e para encarar as dificuldades e preconceitos. Não me sinto sozinha nessa empreitada e isso é o mais importante.
A meu ver, é fundamental ter comprometimento, se importar com o trabalho e com a equipe, pensar na estruturação, nas interrelações e nas melhorias, mas também se posicionar e confiar em si.
Claro que a realidade ainda é de mulheres ocupando menos cargos de chefia, menos cargos eletivos, apesar de já termos grau de escolaridade maior em média. A meu ver, nós, mulheres, ainda precisamos nos posicionar mais e confiar mais no nosso potencial. Todos perdem com preconceitos, seja qual preconceito for. No Rio Grande do Sul, temos apenas 10 deputadas mulheres em uma bancada de 54. A maioria das posições de chefia ainda é de homens, apesar das mulheres possuírem preparo para tal.
Felizmente, a Sulgás, por ser uma empresa jovem, com pouco mais de 100 empregados e com boa saúde financeira, proporciona uma estrutura muito boa de trabalho, oportunidades de conhecer várias áreas, de desenvolver visão sistêmica, de implementar melhorias. Você conhece todo mundo e consegue conhecer o negócio da empresa e as atividades de forma mais abrangente.
Entrei na empresa há 11 anos. Ao ver o concurso, achei a área interessante, uma oportunidade diferenciada. Já estava habituada a áreas historicamente mais masculinas, como a de obras.
Fui aprovada e entrei em um momento ainda de estruturação da área técnica do mercado de varejo. Precisei aprender muito e ganhar experiência. Admito que muitas vezes foi um aprendizado doloroso, mas que trouxe amadurecimento. Fui coordenadora técnica daquele setor e, após um tempo, percebi que eu deveria buscar novas atividades, o que seria bom para mim, para renovar minhas energias e minha motivação, mas seria bom para o setor também: novas cabeças, novas ideias. Então, passei a fazer parte dosetor de Engenharia da Sulgás, posteriormente na coordenação de projetos e de planejamento. E é gratificante quando percebo que confiam no meu trabalho.

Sandra Paravisi, arquiteta da Sulgás, a quinta da esquerda para a direita, ao lado da equipe em foto anterior à pandemia. Pela ordem, Regislaine Ferreira (Estagiária de Engenharia), Arieli Couto (Engenheira da Santiago Engenharia a serviço da Sulgás), Renata Cunha (Engenheira da Sulgás), Thainá Pesseto (Estagiária de Arquitetura), Sandra e Ana Arakawa (Engenheira da Santiago Engenharia a serviço da Sulgás). Foto: Arquivo pessoal.
Entre os projetos que desenvolvi, um deles me deixa mais realizada. Desde que entrei na Sulgás, desejava automatizar os processos desde a contratação dos clientes até o início de consumo. São muitos clientes e muitas atividades para cada um – orçamentos, EVTEs, contratos, materiais, projetos, licenças, obras – demandando muitas áreas e maior controle. Isso foi possível a partir de ferramenta contratada pela TI alguns anos atrás. O pontapé inicial, naquele momento liderado por mim e pelo colega Marco Grabski com o apoio da TI, agora já é abraçado pela maioria e recebe melhorias e alterações por contribuição e iniciativa de muitos colegas. Digo que o meu filho voou, já é do mundo, e isso é muito bom.
Por fim, vejo que o mercado de gás está em crescimento, mas existem alguns pontos preocupantes para as distribuidoras e, por consequência, para os empregados, como a regulamentação do consumidor livre. Aliado a isso, observamos os processos de troca de acionistas e de privatização, que geram preocupação aos colaboradores. A nosso favor temos nossos bons resultados, atingimento de metas e equipe bem preparada tecnicamente.
* Sandra Paravisi, 40 anos, é formada em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e tem mestrado em Engenharia Civil no NORIE/UFRGS.
Amanda Vitoriano Queiroz: Gerente de Governança, Risco e Compliance da Compagas
Em diversos momentos, durante a minha vida profissional, senti preconceito por parte de agentes externos.
Infelizmente, parte da sociedade (alguns homens e até mesmo mulheres) relacionam as mulheres a fraqueza, a menor instrução educacional e a submissão.
Mesmo tendo passado por experiências ruins no passado, percebo que nos últimos anos essas situações têm se tornado mais raras. É claro que ainda temos muito a evoluir, mas na minha percepção estamos no caminho certo. Nesse tipo de situação, quando percebermos qualquer sinal de preconceito, é importante mantermos uma postura ética e firme.
No meu dia a dia, na Compagas, eu me sinto muito confortável em tratar dos mais variados assuntos com meus pares e diretores. No ambiente externo ainda percebo uma certa resistência ou até mesmo uma tentativa de sobreposição, mas sigo firme o propósito de representar os interesses da companhia, independente das adversidades.
Quando ingressei na Compagas, através de concurso público, em 2014, estava acostumada a trabalhar com gestoras mulheres e quando cheguei à companhia me deparei com um cenário predominantemente masculino. Mas isso não foi um problema. Na verdade, trabalhar com os gestores da companhia foi um grande aprendizado.
Ao longo desses anos, a Compagas investiu na minha formação e capacitação, o que demonstra a preocupação da empresa com o fomento à diversidade e à equidade de gêneros no ambiente corporativo.
Comecei como secretária executiva e, em seguida, fui nomeada assessora da Diretoria Executiva, passando, principalmente a partir de 2019, a ser inserida em projetos de grande relevância para a companhia, o que me colocou em contato com os mais variados assuntos da organização, proporcionando grande crescimento profissional.
Hoje, sou Gerente de Governança, Risco e Compliance e isso representa uma grande conquista, até porque desde a criação da área, em 2013, a gerência foi ocupada por homens na maior parte do tempo. Minha antecessora foi a primeira mulher a ocupar a função e me sinto muito feliz em ser a segunda na posição.
Apesar da melhora nos últimos anos, as estatísticas ainda apontam a desigualdade entre os gêneros no ambiente corporativo. No entanto, é nítido o esforço conjunto da sociedade para que essa situação deixe de existir. O grande desafio está no acesso à educação e na garantia dos direitos básicos a todos.
E investir no autodesenvolvimento faz parte da minha trajetória. Comecei minha vida profissional cedo.
Nasci em São Paulo, onde morei até os 16 anos de idade. Em 2002, com medo da violência crescente, minha família decidiu se mudar de Osasco, Região Metropolitana de São Paulo, para a cidade natal da minha mãe, Maringá, no Norte do Paraná. Considerando a mudança de cidade e as dificuldades dos meus pais em se estabelecerem economicamente, resolvi, aos 17 anos, buscar o meu primeiro emprego.
A independência financeira possibilitou que eu pudesse ter acesso à um cursinho pré-vestibular e em 2006 fui aprovada na Universidade Estadual de Maringá, que hoje ocupa o ranking de quinta melhor universidade estadual do Brasil – instituição na qual tive a oportunidade de lecionar durante quatro anos, no curso de Secretariado Executivo Trilíngue.
Hoje, aos 34 anos, pós-graduada em Comunicação Organizacional e Negócios e em Planejamento e Gestão de Negócios, e liderando a equipe que atua com os processos de governança corporativa, sinto muita gratidão por todas as empresas pelas quais passei e pelas pessoas com as quais convivi, em especial aos alunos do secretariado, que colaboraram direta e indiretamente para a construção da minha vida profissional.
E vejo grandes perspectivas para seguir crescendo. O mercado nacional de gás é um ambiente em constante evolução, com discussões estimulantes sobre o desenvolvimento do setor.
A quem tem dúvidas sobre ingressar ou não no setor, digo que os desafios são muitos, mas o importante é ter plena consciência de seus valores e objetivos.
Uma frase do William Durant, Fundador da General Motors marcou muito a minha vida e deixo ela aqui como inspiração às mulheres: “Somos o que fazemos repetidamente. Excelência não é um ato, mas sim um hábito.”
* Amanda Vitoriano Queiroz, 34 anos, é pós-graduada em Comunicação Organizacional e Negócios pelo Centro Universidade Cesumar – Unicesumar e em Planejamento e Gestão de Negócios pela FAE Business School.