O Brasil comprou US$ 825,4 milhões de gás natural da Bolívia de janeiro a outubro deste ano. O valor é 10,9% menor do que os US$ 926,8 milhões gastos no mesmo período de 2019. Nos últimos 5 anos, a queda é de 61,6%.
Os dados são do Comex Stat, portal com estatísticas de comércio exterior do país, e foram levantados pelo Poder360. O recém-empossado presidente da Bolívia, Luis Arce, disse –depois de eleito– que reveria os contratos comerciais feitos com o Brasil no 1º semestre.
Em entrevista concedida em outubro, Arce afirmou que o governo brasileiro não deveria ter firmado acordo com uma gestão que não foi eleita de modo democrático em referência à ex-presidente interina, Jeanine Añez, que assumiu depois da controversa renúncia de Evo Morales.
“Queremos revisar os atuais contratos e fazer isso do ponto de vista de uma relação de 2 governos que foram eleitos de modo democrático”, argumentou.
A declaração diz respeito ao aditivo contratual feito entre Petrobras e YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales) em março. O documento autorizou a redução da obrigação de fornecimento da YPFB para a estatal brasileira de 30,08 milhões de m³/dia para 20 milhões m³/dia. O excedente pôde ser comercializado diretamente pela YPFB com outras empresas brasileiras. Essa condição estava prevista em TCC assinado com o Cade.
O Poder360 levantou os dados de volume de gás natural importado do país vizinho de janeiro a agosto desde 2010 –dados mais recentes disponibilizados pela ANP. Neles, observou redução de 15,8% na comparação o mesmo período de 2019.
Há que se considerar, porém, que o Governo Federal autorizou aumento temporário da importação. O Brasil poderá comprar 10,08 milhões de m³/dia até o final do ano. Para o presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, essa autorização, porém, foi pontual.
Em entrevista concedida ao Poder360 em 6 de novembro, ele afirmou que o gás boliviano é importante para o Brasil, mas descartou uma relação de dependência.
“Dizem, por exemplo, que nós somos dependentes da energia de Itaipu. Não somos. Se nós não formos receber mais energia de Itaipu, sabendo 3 anos antes, a gente faz 1 leilão e compra energia solar e eólica até mais barata que o preço de Itaipu. É só haver previsibilidade”, afirmou.
A visão se alinha ao aumento da produção nacional do combustível. De janeiro a agosto houve alta de 4,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. Além disso, 42,6% do gás produzido no país nestes 8 meses foram reinjetados.
Para Pedrosa, ainda que haja alguma mudança contratual, ela seguirá os preços do mercado internacional e descartou 1 predileção à política externa nessa negociação. “O Brasil está vacinado contra esse modelo porque hoje o mercado é competitivo e a Petrobras e seus gestores respondem, por exemplo, à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), se por 1 acaso comprarem gás mais caro do que outros que estejam disponíveis e, por isso, vai perder competitividade do mercado nacional”, concluiu.
Fonte: Poder 360
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